domingo, 1 de maio de 2016

BIBLIOTECÁRIO, VOCÊ PODE VIVER DA SUA PROFISSÃO!

Por Fabíola Bezerra



Cada vez mais tenho convicção que falta na formação do bibliotecário capacitação voltada para o empreendedorismo, para criar uma mente empreendedora. Bibliotecários são profissionais muito bem capacitados no que fazem, mas sabem pouco do que não fazem.

Tenho recebido no MURAL, com certa frequência, mensagens de colegas bibliotecários que estão desempregados, assim como observo bibliotecários voltando suas ações para fora da área, procurando alternativas de trabalho que possam lhes dar condições de sobrevivência. Ao ouvir um desabafo ou outro, sempre me causa bastante angústia, pois tenho a convicção de que é possível viver da Biblioteconomia, assim como tenho a certeza de que falta no bibliotecário uma visão prospectiva sobre a sua profissão. Vou exemplificar...

Esses dias eu estava participando de uma reunião de trabalho, mais especificamente uma reunião de planejamento. Debatia-se sobre vários assuntos, e um deles era sobre a aplicação das normas da ABNT pela comunidade universitária e todo o esforço da biblioteca em criar ações de capacitação sobre as diferentes normas de documentação. Em um determinado momento da reunião, falava-se em preparar novas modalidades de treinamentos para cobrir as normas da “APA” e de “Vancouver”, a fim de atender seguimentos específicos de usuários da universidade. Uns bibliotecários afirmavam estarem estudando as duas normas para se capacitarem ao ponto de replicarem esse conhecimento em forma de novos treinamentos. Nessa altura comecei a pensar sobre isso e confesso que meu pensamento saiu daquela sala e fiquei conjecturando comigo mesma.

Bibliotecários que trabalham com normalização têm um leque de opções para criar oportunidades de trabalho, reparem que não me referi a emprego, mas a trabalho. Vamos pensar juntos: dia após dia, novas faculdades são criadas, é suposto que exista uma grande demanda de estudantes universitários e, por tabela, uma grande demanda de trabalhos a serem produzidos. Os bibliotecários que atuam em bibliotecas universitárias cada vez mais têm menos tempo de cobrir a enorme demanda, logo existe um gap que precisa ser preenchido. Os bibliotecários de referência geralmente possuem grande habilidade em trabalhar com as normas da ABNT, em muitas vezes esse conhecimento só é aplicado para corrigir referências bibliográficas, citações e normalização de teses e dissertações. Alguns até conseguem ganhar algum trocado normalizando os trabalhos de alunos que estão com o prazo de entrega da tese ou da dissertação estourado. Mas isso é um trabalho de formiguinha!

Refiro-me ao fato de poderem trabalhar de forma escalonável, usando o marketing digital a favor do seu conhecimento, usando sua habilidade única e criando infoprodutos que possam ser adquiridos de qualquer parte do mundo por meio de plataformas de vendas de produtos digitais. Já pensaram que o treinamento que desenvolvem na biblioteca de forma gratuita, para um grupo restrito, pode ser transformado em um produto digital? Já ventilaram a hipótese, por exemplo, de ensinarem em forma de curso digital como fazer a hora do conto mais dinâmica? É óbvio que esse trabalho, por questões éticas, não pode ser aplicado ao seu cliente interno, pois, enquanto bibliotecário de uma instituição, é tarefa atender aos usuários dessa instituição sem qualquer ônus.

A ideia desse post de hoje, Dia do Trabalho, é dizer para você, amigo bibliotecário, que NÃO desista da sua profissão, que ACREDITE na Biblioteconomia e na possibilidade real de você viver do seu conhecimento enquanto profissional. Repense a sua atuação a partir das suas habilidades, dessa forma o dia 1º de maio poderá ser comemorado efetivamente por todos os bibliotecários.

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Texto publicado originalmente no Facebook do Mural Interativo do Bibliotecário, com a hashtag #otextoénosso, no dia 1º de maio de 2016.

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