Cada
vez mais tenho convicção que falta na formação do bibliotecário capacitação
voltada para o empreendedorismo, para criar uma mente empreendedora.
Bibliotecários são profissionais muito bem capacitados no que fazem, mas sabem
pouco do que não fazem.
Tenho
recebido no MURAL, com certa frequência, mensagens de colegas bibliotecários
que estão desempregados, assim como observo bibliotecários voltando suas ações
para fora da área, procurando alternativas de trabalho que possam lhes dar
condições de sobrevivência. Ao ouvir um desabafo ou outro, sempre me causa
bastante angústia, pois tenho a convicção de que é possível viver da
Biblioteconomia, assim como tenho a certeza de que falta no bibliotecário uma
visão prospectiva sobre a sua profissão. Vou exemplificar...
Esses
dias eu estava participando de uma reunião de trabalho, mais especificamente
uma reunião de planejamento. Debatia-se sobre vários assuntos, e um deles era
sobre a aplicação das normas da ABNT pela comunidade universitária e todo o
esforço da biblioteca em criar ações de capacitação sobre as diferentes normas
de documentação. Em um determinado momento da reunião, falava-se em preparar
novas modalidades de treinamentos para cobrir as normas da “APA” e de
“Vancouver”, a fim de atender seguimentos específicos de usuários da
universidade. Uns bibliotecários afirmavam estarem estudando as duas normas
para se capacitarem ao ponto de replicarem esse conhecimento em forma de novos
treinamentos. Nessa altura comecei a pensar sobre isso e confesso que meu
pensamento saiu daquela sala e fiquei conjecturando comigo mesma.
Bibliotecários
que trabalham com normalização têm um leque de opções para criar oportunidades de
trabalho, reparem que não me referi a emprego, mas a trabalho. Vamos pensar
juntos: dia após dia, novas faculdades são criadas, é suposto que exista uma
grande demanda de estudantes universitários e, por tabela, uma grande demanda
de trabalhos a serem produzidos. Os bibliotecários que atuam em bibliotecas
universitárias cada vez mais têm menos tempo de cobrir a enorme demanda, logo
existe um gap que precisa ser
preenchido. Os bibliotecários de referência geralmente possuem grande
habilidade em trabalhar com as normas da ABNT, em muitas vezes esse
conhecimento só é aplicado para corrigir referências bibliográficas, citações e
normalização de teses e dissertações. Alguns até conseguem ganhar algum trocado
normalizando os trabalhos de alunos que estão com o prazo de entrega da tese ou
da dissertação estourado. Mas isso é um trabalho de formiguinha!
Refiro-me
ao fato de poderem trabalhar de forma escalonável, usando o marketing digital a
favor do seu conhecimento, usando sua habilidade única e criando infoprodutos
que possam ser adquiridos de qualquer parte do mundo por meio de plataformas de
vendas de produtos digitais. Já pensaram que o treinamento que desenvolvem na
biblioteca de forma gratuita, para um grupo restrito, pode ser transformado em
um produto digital? Já ventilaram a hipótese, por exemplo, de ensinarem em
forma de curso digital como fazer a hora do conto mais dinâmica? É óbvio que
esse trabalho, por questões éticas, não pode ser aplicado ao seu cliente
interno, pois, enquanto bibliotecário de uma instituição, é tarefa atender aos
usuários dessa instituição sem qualquer ônus.
A
ideia desse post de hoje, Dia do
Trabalho, é dizer para você, amigo bibliotecário, que NÃO desista da sua
profissão, que ACREDITE na Biblioteconomia e na possibilidade real de você
viver do seu conhecimento enquanto profissional. Repense a sua atuação a partir
das suas habilidades, dessa forma o dia 1º de maio poderá ser comemorado
efetivamente por todos os bibliotecários.
--
Texto publicado originalmente no Facebook do Mural Interativo do Bibliotecário, com a hashtag #otextoénosso, no dia 1º de maio de 2016.
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