Os acervos de mídias
não convencionais, como os arquivos de TV, trazem, como características próprias,
informações múltiplas acerca dos conteúdos abordados nas suas apresentações e
reportagens, que vão desde o áudio, que funciona como uma espécie de narração
dos fatos, ao que é mostrado nas imagens em movimento, nas quais essas
informações são carregadas de significados que não podem fugir àqueles que
delas necessitam. Os usuários desse tipo de informação requerem esse material
com a maior fidedignidade e rapidez possíveis. Sendo assim, as atividades
desenvolvidas nesse tipo de arquivo resumem-se, basicamente, ao registro das
mídias, descrição, classificação, indexação, decupagem, avaliação do conteúdo
informacional e atendimento ao usuário.
São considerados
usuários de um arquivo de TV: repórteres, cinegrafistas, apresentadores,
produtores e editores, além dos clientes externos, na maioria deles
entrevistados que participaram de alguma gravação. Esses usuários “alimentam” o
acervo do arquivo com documentos que contêm informações acerca do cotidiano
retratado nas reportagens e buscam, num futuro não muito distante, essas mesmas
reportagens a fim de que possam utilizá-las num novo contexto surgido. Esse é o
ciclo informacional que se cria no ambiente de um arquivo de TV, no qual temos
como protagonistas usuário e/ou cliente, gestor da informação (bibliotecário
e/ou arquivista) e sistema de tratamento e recuperação da informação.
Outro ciclo
informacional que merece a nossa atenção no contexto de uma emissora de TV,
levando em consideração os documentos produzidos e que “deságuam” no Arquivo, é
o workflow da produção, tramitação e
destinação da documentação audiovisual. Para um gerenciamento eficaz desse tipo
de arquivamento, a elaboração de uma cadeia documentária que ilustre esse workflow torna-se crucial para o
entendimento da rotina de trabalho do setor Arquivo e para a elaboração de
documentos normativos e/ou institucionais, como manuais e políticas de
indexação, por exemplo.
Os suportes de
arquivamento (ou mídias) que compõem o acervo audiovisual de uma emissora de TV
interferem diretamente na gestão documental e na forma de tratamento técnico da
informação. Compilamos aqui algumas imagens retiradas da Internet, mais
especificamente de blogs sobre TV (SILVA, 2011) e de sites comerciais, que representam
fielmente a composição do acervo físico dos principais arquivos de TV. Esses
suportes de arquivamento foram dispostos seguindo a sua ordem cronológica de
uso, indo da mais antiga para a mais recente:
Salientamos que a
apresentação dessas mídias de arquivamento somente foi possível devido às
observações feitas nos ambientes dos arquivos de TV que visitamos ao longo de
nossa carreira acadêmica e profissional, além das conversas informais que
tivemos com os profissionais que trabalham em TV. Recorrer aos textos de
Caldeira (1996), Salles ([200-]) e Silva (2008, 2011) também foi fundamental
para compreendermos a terminologia, a finalidade de uso e as diferenças entre
cada tipo de mídia.
Além de conhecer a
rotina televisiva e os principais suportes de arquivamento, visando ao
tratamento técnico da documentação audiovisual, a etapa de avaliação do acervo deve
ser realizada constantemente, pois há mídias que serão eliminadas devido ao seu
uso em excesso, o que faz com que a imagem gravada comece a “digitalizar”, ou
seja, a mídia perde a qualidade, começando a apresentar “pontos”, “quadrados”
ou "congelamentos” na imagem. É importante ressaltar que essa eliminação
vale apenas para as mídias utilizadas nas gravações de externa, ou seja, das
imagens capturadas quando a equipe de reportagem está nas ruas. Por outro lado,
as mídias contendo os programas gravados terão a sua guarda permanente. Comenta-se
muito sobre a qualidade dos diferentes tipos de suporte de arquivamento, conforme
apresentados anteriormente, bem como o seu período de vida útil.
Como exemplo, temos as imagens já arquivadas em HD, o que propicia uma
maior qualidade de imagem e acesso em rede. Nesse caso, a atenção é voltada
para o formato de vídeo (tais como: DIVX, AVI, MPEG, dentre outros) a ser
capturado e/ou arquivado em HD, tendo em vista a limitação de espaço para
armazenamento. Tem-se recorrido ao arquivamento em storage, cuja relação custo-benefício tem agradado a muitos
gestores nas áreas de Comunicação e Tecnologia da Informação. Contudo, um
embate de ideias tem surgido: o suporte digital garante a segurança das imagens
audiovisuais a ponto de não mais arquivarmos em um suporte físico? Tendo em
vista esse embate, cabe a cada gestor e profissional da informação decidir pela
forma de arquivamento mais adequada à realidade de sua emissora de TV.
Contudo, de nada adianta uma migração de suportes, a exemplo do que
ocorre de fitas ou DVDs para HDs, sem um método consistente de trabalho voltado
para o tratamento do conteúdo informacional das imagens em movimento, foco da
nossa discussão para o gerenciamento eficaz da informação.
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