segunda-feira, 26 de junho de 2017

NEM SÓ DE TÍTULOS VIVE O BIBLIOTECÁRIO

Por Fabíola Bezerra

Se me perguntarem qual a maior dificuldade para o bibliotecário empreender eu respondo: o medo!
O medo gera dúvidas, incertezas, procrastinação e destrói sonhos. A falta de clareza gerada pelo medo cria barreiras que dificulta o crescimento dos bibliotecários como profissionais liberais, autônomos e dono de seu próprio negócio.
Observo um direcionamento exagerado e exclusivo do tempo do bibliotecário para a aquisição de títulos e para a produção científica. Falo isso com muita tranquilidade porque eu mesma trilhei esse caminho no tempo em que trabalhei no serviço público federal.
Quem está dentro de uma instituição federal se qualifica e tem como “prêmio” o crescimento percentual no seu salário. Quem ainda não entrou, busca a qualificação para aumentar a possibilidade de ingresso por meio da prova de títulos nos concursos públicos federais.
Depois, em sua maioria, sofrem de “doutorice”, conforme foi comentado com muita propriedade pelo Prof. Dr. Oswaldo F. Almeida Júnior, em sua página no Facebook.
Não é segredo para ninguém que cada vez mais, menos existe a possibilidade de concursos públicos federais, e que a garantia de estabilidade no serviço público está com dias contados.
Por outro lado, na contramão desta “verdade” e deste “cenário”, existe a economia digital que em nada segue os padrões adotados e institucionalizados da economia convencional.
O modelo do empreendedor dentro desta nova economia digital não depende e não está relacionado com o número de títulos adquiridos e com o crescimento exponencial do Currículo Lattes. Aliais, os headhunter buscam no Linkedin e não no Lattes para encontrar profissionais qualificados e fora da curva.
A moeda que alavanca os negócios digitais está pautada na geração de valor, a partir da produção e do compartilhamento de conteúdos que apresentam uma solução para uma “dor”, entende-se por “dor” um problema, uma dúvida, uma incerteza de alguém.
É imprescindível que os bibliotecários criem um novo conceito de usuários/utilizadores. A necessidade informacional deve ser entendida como uma “dor” que precisa de solução. O usuário/utilizador deve ser vislumbrado como avatar. O ciberespaço deve ser potencializado como espaço laboral. A mudança e a compreensão destes novos conceitos, inevitavelmente reduzirão o medo e a procrastinação.
Identifico ainda outro medo que ronda a cabeça dos bibliotecários: o medo da exposição!
Se fizermos uma busca simples no Google para a solução de um problema doméstico qualquer, em uma fração de segundos o motor de busca apresenta uma centena de milhares de soluções para o problema pesquisado. O You Tube virou “sala de aula” de “docentes” que tem sempre alguma coisa para ensinar ou compartilhar.
Como bibliotecária sei com propriedade o leque de conhecimentos e habilidades que possuímos a partir da nossa formação acadêmica. Por que então repassar esse conhecimento somente dentro de uma unidade de informação?
Este é um questionamento que vale a pena pensar e debater. Vamos conversar sobre isso? 
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segunda-feira, 19 de junho de 2017

FAZEMOS PESQUISA TODO DIA

Por Ana Luiza Chaves 

Quem já não se deparou com a tarefa de elaborar o projeto de pesquisa acadêmica e depois desenvolver a monografia, como requisito para obtenção de título?
Com certeza todos que estão na vida acadêmica e sempre é um caminho longo a se percorrer, às vezes, por demais exaustivo. Para desmistificar a pesquisa, para mostrar que todos nós somos capazes, pois enfrentamos em nosso contexto situação similar, trago aqui para discussão, o fato de que fazemos pesquisa todos os dias. É óbvio que não se trata da tal pesquisa acadêmica, no entanto, o percurso pelo qual passamos diariamente, se assemelha ao processo que desenvolvemos naquela pesquisa.
Fazendo a leitura de cada contexto, temos:
No nosso dia a dia
1. Surge uma demanda qualquer na nossa vida, que precisa ser atendida, resolvida.
2. Quando muito complicada, dividimos em partes.
3. Interpretamos a demanda e definimos o que deve ser cumprido.
4. Temos uma ideia pré-concebida do que virá pela frente.
5. Agregamos e relacionamos à demanda a nossa experiência de vida e os exemplos de outrem.
6. Analisamos a melhor forma de atender à demanda.
7. Criamos as condições adequadas.
8. Executamos o que pretendemos.
9. Depois de executado, analisamos e verificamos o que conseguimos. 
10. Tiramos conclusões a respeito. Foi bom? Deu certo? Era isso mesmo? Essas conclusões servirão para aplicarmos em outra ocasião da vida.

Na pesquisa acadêmica
1. Como pesquisador, temos uma inquietação acerca de certo tema.
2. O tema é muito amplo, resolvemos delimitá-lo e afunilá-lo.
3. Criamos os objetivos da pesquisa.
4. Apresentamos os nossos pressupostos.
5. Buscamos a fundamentação teórica para servir de base à investigação e à análise dos dados.
6. Optamos pelo melhor método, de acordo com a natureza e tipo da pesquisa.
7. Preparamos os instrumentos para coleta de dados.
8. Fazemos a pesquisa propriamente dita.
9. Analisamos e discutimos os dados colhidos.
10. Tecemos as nossas considerações finais, confrontando com os objetivos da pesquisa. E a nossa pesquisa poderá ser utilizada por outro pesquisador

Propositadamente enumerei cada etapa da primeira correspondendo a uma da segunda, para facilitar a leitura, o acompanhamento e a compreensão.
Ficou mais fácil?
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