segunda-feira, 31 de julho de 2017

PARAFRASEANDO A PARÁBOLA DA REDE DE PESCA, PARA FALAR SOBRE EMPREENDEDORISMO NA BIBLIOTECONOMIA.

Por Fabíola Bezerra

"Igualmente o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanha toda a qualidade de peixes. E, estando cheia, a puxam para a praia; e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora...”
A metáfora da parábola da “rede de pesca”, nos leva a fazer uma analogia da ação de lançar a rede ao mar, com a percepção e o empoderamento das pessoas em relação as informações que recebem.
Quando uma nova informação é lançada ou disponibilizada na Internet, por exemplo, o alcance deste conteúdo é enorme, e varia de acordo com o tamanho da sua rede de relacionamentos dentro da rede social que você pertence. Ao publicar uma nova informação é como se você estivesse jogando uma rede de pesca no mar.
Digamos que você publicou no Facebook o conteúdo da sua postagem, embora chegue no perfil dos seus amigos e dos amigos dos seus amigos, dependendo das suas configurações de privacidade, poderá atrair a atenção de diferentes pessoas, assim como, poderá também não despertar interesse algum. O ato de despertar interesse é como uma “seleção”, embora diferente da parábola onde os pescadores separam dos cestos os peixes bons e os peixes ruins. A seleção dentro do Facebook está diretamente relacionada com o interesse que as pessoas têm sobre assunto X ou Y, depende do apelo do título ou da imagem do conteúdo postado.
Gostaríamos de direcionar este texto, usando como exemplo o “Empreendedorismo na Biblioteconomia”. O tema tem despertado interesse em muitos bibliotecários, assim como, não desperta interesse algum em muitos deles. A “seleção” de quem gosta do assunto e de quem é indiferente a ele, ao meu ver, depende da percepção que cada um tem sobre o mesmo e pela compreensão real de que forma podem se apropriar do empreendedorismo como algo possível e aplicável profissionalmente.
Uma vez, conversando com uma professora do curso de Biblioteconomia ela disse assim:
- Fabíola muitos alunos não entendem ou não sabem como usar o empreendedorismo dentro da profissão.
Desde 2013 venho lendo e estudando sobre o empreendedorismo e marketing digital, o que eu pude perceber dentro das minhas leituras e nos diversos infoprodutos que adquiri de grandes players do mercado digital foi o seguinte: existe diferença entre ensino formal e ensino prático. Foi o meu primeiro grande ensinamento, parece uma conclusão lógica e simples, mas não é!
Para entender essa grande diferença é preciso primeiro ter uma mudança de percepção sobre autoridade e autenticidade. Nós bibliotecários geralmente caímos na armadilha de ostentar diplomas e títulos. Não é autoridade quem possui mais títulos, mas, quem possui o reconhecimento das pessoas sobre um assunto específico. Assim como, autenticidade é a percepção de confiança e de legitimidade que as pessoas têm todas as vezes que você repassa uma informação.
Os grandes empreendedores digitais não divulgam seu conhecimento e expertise pelos títulos e diplomas que possuem, o objetivo deles ao criar um produto de informação é gerar resultado para alguém. Nesse sentido é primordial identificar e conhecer suas habilidades únicas, que serão a base do seu empreendimento, por meio dela, o empreendedor irá criar sua proposta ou promessa definida para alcançar os resultados.
O ensino formal é baseado em currículos, diplomas e títulos, entre outras formalidades, o ensino prático, diferente do formal, não possui uma matriz curricular, ele é focado em resultados, não é preciso ser uma especialista e conhecer tudo, é preciso conhecer apenas o necessário para atingir um resultado.
Ao produzir produtos de informação que geram resultados na vida das pessoas você se torna autoridade para elas, ao comprovar os resultados, você cria autenticidade sobre o seu produto e sobre o seu conhecimento, é uma “autenticidade prática”.
Por esse motivo acredito que para empreender na Biblioteconomia é preciso primeiramente sair um pouco da área, entender como atuam e como trabalham os grandes empreendedores, perceber que para empreender é preciso primeiramente descobrir e entender qual o seu propósito de vida.
Definir um propósito é o que te fará caminhar em direção a um ponto qualquer, para empreender, você vai precisar desse autoconhecimento, o autoconhecimento te ajudará a definir os teus propósitos e a tua missão pessoal, enquanto missão você poderá mudar a vida das pessoas por meio das informações que você criar.
Observe que todo empreendedor digital tem um propósito e uma missão bem definidos.


A falta de clareza sobre alguns pontos apresentados no texto acima, ao meu ver, é que diferenciam as pessoas quando um novo conteúdo é lançado na rede, por isso o porquê de usar como analogia a parábola da rede de pesca, uns apropriam-se do conteúdo e buscam saber mais, outros simplesmente ignoram. 

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segunda-feira, 24 de julho de 2017

ESCRITOR DE OUTRORA, DE ONTEM, DE HOJE OU DE AGORA

Por Ana Luiza Chaves

Escritor de outrora, de ontem, de hoje ou de agora, se não fosse tu para registrar a ilusão da realidade, a razão da cumplicidade, o todo da parte, a arte do aparte, a paixão em drama, o auge da fama, o fato que acontece, a ficção que apetece, jamais teríamos acesso a essas maravilhas, que nos fazem viajar para os mais longínquos mundos, que nos conduzem ao fragmento do pensamento, que nos encantam e os males espantam.

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segunda-feira, 17 de julho de 2017

ENTENDENDO O USUÁRIO

Por Ana Luiza Chaves

No exercício diário do serviço de referência de uma biblioteca, nos deparamos com manifestações de demandas, para as quais, temos que, a qualquer custo, buscar entender o usuário, a fim de atendê-lo com êxito.
É certo que temos que ir moldando e educando esse usuário, para o uso correto dos serviços, no entanto, essa tarefa é árdua no início, principalmente quando esse usuário nunca utilizou uma biblioteca.
A teoria biblioteconômica aponta para três estilos de atendimento no contexto do serviço de referência: o conservador, o moderado e o liberal.
O estilo conservador tem como princípio que o serviço de referência deve dispor e organizar o material de referência de forma eficiente, que possibilite resultados positivos à pesquisa do usuário, orientando-o para que se torne auto-suficiente.
O estilo moderado admite que o serviço de referência propicie um pouco mais de assistência ao leitor, utilizando recursos locais e prestando informações por outros meios de comunicação.
Já o estilo liberal, considera que a biblioteca deve prestar ajuda ilimitada aos consulentes, um serviço completo, utilizando o material existente na biblioteca e até recursos externos para facilitar o trabalho.
Voltando as minhas experiências, essas situações chegam a ser inusitadas e engraçadas, mas, no final, tudo dá certo, senão vejamos algumas delas que tenho na minha lembrança, que fazem parte do meu portfólio de atendimento nas bibliotecas pelas quais já passei:
"Você tem aquele livro que o professor passou e todo mundo tá pegando emprestado?" 
"Eu quero o livro da professora do horário CD da sexta-feira."
"O professor disse para a gente pesquisar se algumas empresas têm suas marcas registradas, qual livro tem isso?" 
"Preciso estudar para a prova do professor de economia, eu quero aquele livro bem grosso de vários autores."
"Sabe aquele livro de logística que tem tudo? Eu não quero ele não, quero um mais simples."
"Aquele livro de contos dos cães que enxergam, você tem?"
"Tem um livro que é verde e outro que é vermelho, que são do mesmo autor, eu quero o verde, ele está disponível?"

Entendemos que o importante é fazer a leitura do contexto do usuário e suprir suas necessidades informacionais, independente do estilo, até porque, muitas vezes, a informação de que ele precisa é muito primária.
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GROGAN, D. A prática do serviço de referência. Brasília: Brinquet de Lemos, 1995. 
LITTON, G. A informação na biblioteca moderna. São Paulo: McGraw-Hill, 1979. cap. 2, p. 30-34.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

INFORMAÇÃO: MEDIANDO, PODEMOS GERAR CONHECIMENTO

Por Ana Luiza Chaves

Somos, diariamente, bombardeados por informações de toda sorte. É uma verdadeira avalanche! Elas são de todos os gêneros, segmentos, esferas, procedências e tamanhos, que vão se acumulando de forma desordenada, confusa, sem pretensão e objetivo.
Vimos, ouvimos ou lemos algo, mas não processamos para possibilitar o entendimento e a compreensão, nem sabemos ao certo para que nos serve aquela informação naquele momento.
Quando selecionamos aquela que nos interessa e trabalhamos suas facetas, seu contexto, quando nos apropriamos, atuando como agentes mediadores de nós mesmos, fazendo a interpretação holística, a combinação necessária e a seleção, passamos a gerar conhecimento.
Por isso, as características de cumulatividade para a informação e de seletividade para o conhecimento, tão bem ressaltadas por Cortella em seus escritos e palestras.
Informação é cumulativa, conhecimento é seletivo (CORTELLA, 2016).
É desse conhecimento que nos alimentamos para conduzir nossas vidas pessoal e profissional. Uma vez gerado conhecimento, seu conteúdo é introspectado e passa a fazer parte da nossa vida de forma mais permanente, nos acompanhando sempre, sendo usado quando precisamos dele, nos momentos oportunos. Dessa forma, abastecidos de conhecimentos, estamos sempre seguindo em frente.
A assertiva é muito forte e, apesar de complexa, é decisiva, mas, com toda permissão, acrescentaria algo antes e depois, são três segmentos, a fim de completar o percurso que aprendemos nos bancos acadêmicos da Biblioteconomia.
Iniciaria pelo dado, que pode gerar informação, esta, que pode gerar conhecimento, este, que se torna sabedoria com o tempo, que, por sua vez, constrói a cultura.
E, seguindo o modelo de Cortella, adjetivando cada substantivo, construí a sentença abaixo:
dado (aleatório) < informação (cumulativa) < conhecimento (seletivo) < sabedoria (consistente) < cultura (enraizada).
Mas, não termina por aí, tudo pode recomeçar a qualquer tempo, já que tudo é dinâmico, renovável e está sempre em transformação. É a partir de um novo dado, que combina com outro e mais outro, que gera informação, que se associa a outra e é interpretada/mediada, se transformando em conhecimento, e assim por diante, que novas sentenças são escritas e executadas, desenvolvendo-se, assim, o pensamento humano.
O segredo é sermos mediadores da informação para nós mesmos e para os outros, principalmente, quando atuamos como bibliotecários, não deixando passar aquela informação de interesse, fazendo a seleção, gerando ou fazendo com que gerem conhecimento.
CORTELLA; DIMENSTEIN. Trecho do programa Sempre um Papo, com Mário Sérgio Cortella e Gilberto Dimenstein. Informação vs conhecimento. Publicado Julian Neto em 7 de mai de 2016 (Youtube).
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