segunda-feira, 8 de junho de 2015

INDEXAÇÃO & SRI

por Edvander Pires

Alguns dos principais conceitos de indexação remontam de décadas atrás (CHAUMIER, 1988), porém é nítido que a sua prática tem se aperfeiçoado com o passar do tempo, tendo em vista os acervos físicos e digitais que compõem atualmente as bibliotecas e os centros de documentação. 

Faz-se necessário que o indexador conheça as características de cada documento, bem como a demanda por informação de seus usuários, para que, assim, possa atribuir termos descritores que sejam mais apropriados à representação do conteúdo informacional. Portanto, é preciso que as etapas de indexação sejam rigorosamente cumpridas, a saber: a análise conceitual do documento, a tradução para a linguagem do sistema e o controle de qualidade de todo o processo (BENTES PINTO, 2001).

Aplicando as etapas de indexação ao ambiente das bibliotecas universitárias, por exemplo, para que determinado documento seja incorporado no Sistema de Recuperação da Informação (SRI), o indexador deve analisá-lo conceitualmente baseado na definição explícita da comunidade acadêmica à qual o documento ou a publicação se destina. A partir dessa informação, é possível inserir no SRI os termos mais relevantes que representam o conteúdo analisado. Por conseguinte, deve-se atentar para a etapa de tradução, na qual a linguagem natural será convertida para a linguagem controlada do sistema. 
 
 


Aliado a esse processo, é de suma importância que o SRI seja periodicamente submetido a um criterioso controle de qualidade, visando avaliar se os termos estão realmente suprindo as necessidades de busca dos usuários. E é nessa etapa que se deve verificar se há algum problema em relação à revocação e/ou precisão do sistema, dependendo de sua dimensão de indexação: exaustiva ou específica (LANCASTER, 2004). A exaustividade permite maior revocação e menor precisão, podendo ocorrer que informações irrelevantes também sejam recuperadas – causando o “ruído” de que trata Chaumier (1988) –, enquanto que a especificidade proporciona maior precisão e menor revocação no momento da busca, podendo deixar de recuperar algum conteúdo importante, gerando o “silêncio” de que trata Chaumier (1988).

Exaustividade e especificidade trazem como consequência mais dois conceitos importantes: revocação e precisão. A revocação se relaciona com a capacidade do sistema assegurar a recuperação de um número desejável de documentos relevantes, à medida que a precisão se relaciona à capacidade do sistema em impedir a recuperação de documentos não-relevantes (CARNEIRO, 1985).

É preciso que todos os procedimentos referentes à atividade de indexação na instituição sejam padronizados e documentados, seja por meio de manuais, políticas e/ou diretrizes. Nesse sentido, a importância da elaboração de uma política de indexação, por exemplo, apresenta-se em vários fatores, e um deles é a necessidade de garantia de padrões permanentes de qualidade e excelência no processo de representação da informação, tendo, assim, como resultado uma recuperação da informação igualmente de qualidade. Outro elemento importante é quanto à organização do conhecimento como fator de contribuição para o avanço tecnológico e científico, no sentido de que a política de indexação normalize os procedimentos e o estabelecimento de linguagens documentárias.

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Fontes consultadas:

BENTES PINTO, Virgínia. Indexação documentária: uma forma de representação do conhecimento registrado. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 6, n. 2, p. 223-234, jul./dez. 2001.

CARNEIRO, Marília Vidigal. Diretrizes para uma política de indexação. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. 221-241, set. 1985.

CESARINO, Maria Augusta da Nóbrega. Sistemas de recuperação da informação. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. 157-168, set. 1985.

CHAUMIER, Jacques. Indexação: conceito, etapas e instrumentos. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 21, n. 1-2, p. 63-79, jan./jul. 1988.

LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2. ed. rev. atual. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 2004.

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