por Edvander
Pires
É de suma importância que acervo, indexação e
usuário “conversem” uma mesma linguagem nos sistemas de recuperação da
informação de nossas bibliotecas e centros de documentação, independente se as
informações remetem a acervo físico ou digital. Nesse sentido, cria-se um
vínculo entre a composição do acervo, o processamento técnico da informação e a
comunidade usuária, e entendemos que esse vínculo deve ser respeitado e se
refletir na eficiência e eficácia no momento da recuperação da informação.
Contudo, para que haja uma recuperação da informação eficiente e eficaz, faz-se
necessária uma representação fidedigna do documento a ser incorporado no
acervo. Desse processo, sabemos que fazem parte as etapas da indexação (análise
conceitual, tradução e controle de qualidade) e algumas das etapas do processo
de referência (estratégia de busca, processo de busca e resposta ao usuário).
Com a tecnologia disponível atualmente, que
se reflete no desenvolvimento de softwares específicos em gerenciamento de
tesauros, por exemplo, percebemos que as relações entre os termos ainda atendem
satisfatoriamente às necessidades de representação e recuperação da informação,
na medida em que é possível o gerenciamento de termos descritores, em tempo
real, a partir da linguagem adotada pelo usuário na produção (autoria) ou no
“consumo” (pesquisa) da informação. O trabalho de uma equipe multidisciplinar é,
portanto, essencial para validar todo e qualquer tipo de vocabulário controlado
como uma ferramenta de indexação, a partir da linguagem natural utilizada pelo
usuário.
Disponibilizar uma ferramenta que contenha termos
descritores elencados de uma forma sistemática certamente poupará o tempo do
usuário ao selecionar palavras-chave nos casos de autoarquivamento de
publicações em repositórios digitais ou mesmo no momento da pesquisa. Para o
bibliotecário, o resultado virá com a consolidação de uma indexação
semiautomática fidedigna para os catálogos online e bibliotecas digitais,
possibilitando padronização e coerência na atribuição de termos de acordo com a
especificidade de cada área do conhecimento trabalhada na biblioteca, o que
trará, por conseguinte, uma maior possibilidade para o usuário nas
pesquisas, tendo em vista a relação a ser estabelecida entre os descritores.
Ferramentas de
controle de vocabulário, como os tesauros, também podem ser utilizadas
satisfatoriamente na dinamização do serviço de Disseminação Seletiva da
Informação (DSI), por exemplo. À medida que termos descritores são incorporados
hierárquica e sistematicamente, tanto bibliotecários quanto usuários poderão
selecionar os assuntos que interessem a uma determinada comunidade atendida
pela biblioteca ou pelo centro de documentação. Os assuntos poderão ser filtrados
no catálogo online, no repositório institucional, ou no campo de busca do
software que a instituição utilize, de uma maneira com que o próprio sistema
notifique automaticamente o usuário acerca de publicações ou de documentos sobre
um assunto específico, listado preferencialmente na estrutura do tesauro.
Assim, aliam-se processamento técnico da informação e serviço de referência
visando à satisfação plena das necessidades de informação dos usuários.
Mesmo com o desenvolvimento
da tecnologia, surgimento dos motores de busca, autonomia dos pesquisadores na
Internet, indexação automática e semiautomática em larga escala, dentre outros
exemplos, entendemos que a estrutura de um tesauro ainda pode ser explorada sob
diferentes níveis numa instituição, em contextos diversos e a partir de
adaptações nas formas de trabalho, já que a catalogação e a indexação ainda não
são atividades totalmente mecânicas (se é que serão algum dia) e necessitam de
um bibliotecário como legítimo gestor da informação para dar qualidade a esses
processos, ajustando os procedimentos quando e se necessário e trabalhando em
conjunto com a comunidade usuária ao converter fidedignamente a linguagem
natural para a linguagem do sistema. Reafirmamos, assim, o papel gerencial do
bibliotecário enquanto mediador entre acervo (físico e/ou digital), sistema
(indexação e busca) e usuário (com sua linguagem, necessidade de informação e
especificidades).
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Fontes consultadas:
BENTES PINTO, Virgínia. Indexação documentária:
uma forma de representação do conhecimento registrado. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 6, n. 2,
p. 223-234, jul./dez. 2001. Disponível
em: <http://www.brapci.ufpr.br/download.php?dd0=12859>.
Acesso em: 06 abr. 2015.
GROGAN, David Joseph. A prática do serviço de referência. Tradução: Antonio A. Briquet de
Lemos. Brasília, DF: Briquet de Lemos/Livros, 1995.
VOGEL, Michely Jabala Mamede. Planejamento de
Tesauros na Prática. In: EXTRALIBRIS. [Notas
de aula]. [S.l.], 2015.
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