Inicialmente, você
deve estar se perguntando por que escolhemos esse título para o texto de hoje.
Para começar, posso dizer que é uma pergunta que cada um deve fazer para si
mesmo. Sim, deve. Já aconteceu com você de solicitar profissionalmente um
serviço a um bibliotecário de outra instituição e não ser atendido?
Infelizmente,
algumas vezes acontece de nos depararmos com situações onde o bibliotecário da
outra instituição apresenta uma dificuldade e uma resistência que vai além do
nível de compreensão. Não saberia dizer se por falta de coleguismo ou por
normas burocráticas que impedem a sua autonomia e o seu poder de decisão.
No serviço de
referência é bastante comum que um usuário faça um pedido ou busca por um
material que não é tão facilmente encontrado na Internet, ou pelo fato de ser
um material com acesso restrito, liberado muitas vezes apenas pelo serviço de
comutação bibliográfica.
Há alguns dias
atrás recebi uma pós-graduanda, de origem italiana, que buscava um artigo
escrito por Gilberto Freyre, uma publicação bastante antiga e que só estava
disponível em dois únicos lugares: uma instituição localizada no Brasil, e a
outra na Argentina. Conforme o protocolo, fiz a busca, entrei em contato com a
instituição brasileira, expliquei que a usuária precisava muito do artigo e perguntei
se seria possível a cópia digitalizada do artigo, inclusive pelo serviço de
comutação bibliográfica, ou seja, não estava pedindo “de graça”.
O que me
surpreendeu negativamente, que fique claro, foi a resposta “robotizada” e
extremamente burocratizada da instituição em se limitar a dizer apenas que
atenderia o pedido somente via comutação bibliográfica, sem a menor cortesia.
Aquilo me chamou a atenção, então resolvi entrar em contato com a instituição
da Argentina, um pouco descrente de que seria atendida, reflexo da experiência
nada agradável com a instituição brasileira, mas, para minha surpresa, não só
recebi o artigo digitalizado no mesmo dia como a bibliotecária do serviço de
referência da instituição mostrou-se bastante cortês e solícita, frisando,
inclusive, que o material seguia sem nenhum custo e propondo parcerias futuras
caso eles também precisassem de documentos disponíveis em nossa biblioteca.
O resultado disso
tudo, vocês já sabem: usuária mais do que satisfeita, agradeceu por e-mail e
pessoalmente, e, além disso, fez questão de enfatizar que a participação no
evento do qual participará e que falará sobre Gilberto Freyre só ocorrerá
porque a bibliotecária conseguiu o artigo!
Estou contando
esse caso exatamente para mostrar como nós, bibliotecários, podemos e devemos
colaborar uns com os outros, sermos mais flexíveis, independentemente das
barreiras impostas, quer sejam regionais, burocráticas ou impostas por um
serviço de comutação bibliográfica, pois a colaboração entre bibliotecas e
bibliotecários supera tudo isso, e, no final das contas, o que queremos mesmo é
atender bem aos nossos usuários. Deixemos a má vontade e o comodismo de lado
também, pois, em muitos casos e principalmente em instituições públicas, não generalizando,
claro, é o que mais ocorre.
No fim de tudo, o
ciclo de gratidão ficou completo: usuária atendida e satisfeita, e eu,
bibliotecária, eternamente grata à outra bibliotecária e instituição que também
me atendeu e ajudou!
Ainda bem que,
neste caso, a habitual "richa" entre brasileiros e argentinos no
futebol não foi impedimento para uma parceria tão agradável :)
--
Muchas gracias
BIBHUMA - Biblioteca Profesor Guillermo Obiols Facultad de Humanidades y
Ciencias de la Educación Universidad Nacional de La Plata!
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