segunda-feira, 26 de outubro de 2015

BIBLIOTECÁRI@S 3.0



por Fabíola Bezerra

  
Eu me formei no tempo em que as festas de formatura NÃO eram megaeventos ou superproduções. Os convites de formatura eram feitos na gráfica da universidade; as placas com o nome da turma, e com os nomes do paraninfo e do patrono, eram de ferro fundido. NÃO fazíamos book na praia ou nos jardins da reitoria; a roupa de gala era a da missa, a confraternização festiva era na casa ou apartamento do professor mais camarada da turma.

No meu tempo de faculdade, os trabalhos eram datilografados, não tínhamos o recurso do PowerPoint para apresentar os trabalhos de equipe. As aulas de referência eram dadas em fichas, tipo resumo que continham dados das principais obras de referência da época. Nas aulas de Catalogação I e II criávamos nosso próprio catálogo improvisado em caixa de papelão, que ao final dos dois semestres tínhamos visto e exercitado todas as formas e possibilidades contidas no AACR. Naquela época, os professores mais “tecnológicos” usavam transparência para tornar as aulas mais “dinâmicas”. Nos estágios, os recursos de “ponta” eram as microfichas do serviço de comutação bibliográfica. Banco de dados só mesmo as impressas tipo Chemical Abstracts, Biological Abstracts e outras do gênero.

Quando terminei a faculdade, as bibliotecas ainda NÃO eram automatizadas; as fichas de catalogação 7,5 x 12,5 eram datilografadas e levávamos um tempo para tentar ajustar a pequena ficha na máquina de datilografia, e depois ainda tínhamos que desdobrá-las para termos os principais catálogos, autor, título, assunto e tombo; as etiquetas dos livros possuíam uma borda vermelha; usávamos “bitola” para colar as etiquetas nos livros. Fazíamos SRI em fichas, conversávamos com os usuários pessoalmente, avisávamos de um novo recurso de informação por telefone fixo. Os periódicos do setor de referência já chegavam à biblioteca desatualizados pela demora dos correios ou por causa da burocracia alfandegária.

Em trinta anos de profissão vi um turbilhão de mudanças à minha frente. As bibliotecas passaram por uma metamorfose: o que era impresso virou digital, o que era físico foi para as nuvens, a comunicação com os usuários foi para as caixas de e-mail ou para as redes sociais, quem NÃO quis “perder o bonde”, virou imigrante digital.

Sim, em trinta anos o endereço das bibliotecas não começa mais por “Avenida” ou “Rua”, agora todas elas moram logo ali, no “www...”. Em trinta anos, nossos usuários podem estar no Japão, na Inglaterra, no Oiapoque ou no Chuí, o dia virou noite, e as noites viraram dias.

Falando dessas transformações, pensando no que fomos e aprendemos na faculdade, lá no começo da década de 80, observando o que somos e como atuamos 30 anos depois, eu e meus colegas bibliotecários, contemporâneos de faculdade, concluo sem medo de errar: SIM, NÓS SOMOS GRANDES GUERREIROS! PARTICIPAMOS DA EVOLUÇÃO E DA REVOLUÇÃO DAS BIBLIOTECAS!

Parabéns a todos os bibliotecários que, assim como eu e minha turma de faculdade, comemoram em dezembro próximo 30 anos de formados!

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