por Fabíola Bezerra
Eu me formei no
tempo em que as festas de formatura NÃO eram megaeventos ou superproduções. Os
convites de formatura eram feitos na gráfica da universidade; as placas com o
nome da turma, e com os nomes do paraninfo e do patrono, eram de ferro fundido.
NÃO fazíamos book na praia ou nos jardins da reitoria; a roupa de gala era a da
missa, a confraternização festiva era na casa ou apartamento do professor mais
camarada da turma.
No
meu tempo de faculdade, os trabalhos eram datilografados, não tínhamos o
recurso do PowerPoint para apresentar os trabalhos de equipe. As aulas de
referência eram dadas em fichas, tipo resumo que continham dados das principais
obras de referência da época. Nas aulas de Catalogação I e II criávamos nosso
próprio catálogo improvisado em caixa de papelão, que ao final dos dois
semestres tínhamos visto e exercitado todas as formas e possibilidades contidas
no AACR. Naquela época, os professores mais “tecnológicos” usavam transparência
para tornar as aulas mais “dinâmicas”. Nos estágios, os recursos de “ponta”
eram as microfichas do serviço de comutação bibliográfica. Banco de dados só
mesmo as impressas tipo Chemical
Abstracts, Biological Abstracts e
outras do gênero.
Quando
terminei a faculdade, as bibliotecas ainda NÃO eram automatizadas; as fichas de
catalogação 7,5 x 12,5 eram datilografadas e levávamos um tempo para tentar
ajustar a pequena ficha na máquina de datilografia, e depois ainda tínhamos que
desdobrá-las para termos os principais catálogos, autor, título, assunto e
tombo; as etiquetas dos livros possuíam uma borda vermelha; usávamos “bitola”
para colar as etiquetas nos livros. Fazíamos SRI em fichas, conversávamos com
os usuários pessoalmente, avisávamos de um novo recurso de informação por
telefone fixo. Os periódicos do setor de referência já chegavam à biblioteca
desatualizados pela demora dos correios ou por causa da burocracia
alfandegária.
Em
trinta anos de profissão vi um turbilhão de mudanças à minha frente. As
bibliotecas passaram por uma metamorfose: o que era impresso virou digital, o
que era físico foi para as nuvens, a comunicação com os usuários foi para as
caixas de e-mail ou para as redes sociais, quem NÃO quis “perder o bonde”,
virou imigrante digital.
Sim,
em trinta anos o endereço das bibliotecas não começa mais por “Avenida” ou
“Rua”, agora todas elas moram logo ali, no “www...”. Em trinta anos, nossos
usuários podem estar no Japão, na Inglaterra, no Oiapoque ou no Chuí, o dia
virou noite, e as noites viraram dias.
Falando
dessas transformações, pensando no que fomos e aprendemos na faculdade, lá no
começo da década de 80, observando o que somos e como atuamos 30 anos depois,
eu e meus colegas bibliotecários, contemporâneos de faculdade, concluo sem medo
de errar: SIM, NÓS SOMOS GRANDES GUERREIROS! PARTICIPAMOS DA EVOLUÇÃO E DA
REVOLUÇÃO DAS BIBLIOTECAS!
Parabéns
a todos os bibliotecários que, assim como eu e minha turma de faculdade,
comemoram em dezembro próximo 30 anos de formados!
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