domingo, 23 de agosto de 2015

QUEM ROUBOU O BRILHO DAS ESTRELAS?




Uma velha questão que volta e meia vem à tona e levanta grandes discussões: uma biblioteca pode ou não funcionar sem bibliotecário? A ausência do bibliotecário invalida o trabalho desenvolvido por pessoas comprometidas com a biblioteca e com a comunidade?

Lembrei-me dos pequenos espaços cedidos em salas, varandas, garagens, borracharias, lixões, centros comunitários, dentre outros, por simpatizantes da leitura, em lugarejos distantes, esquecidos e de acesso difícil, para formação do que eles orgulhosamente chamam de “biblioteca”. 

Geralmente são iniciativas de pessoas simples da comunidade, que possuem uma sensibilidade capaz de identificar necessidades de informação e de conhecimento, ou simplesmente porque acreditam que através da leitura é possível mudar o mundo. Não são poucos os casos divulgados na imprensa de comunidades que criaram espaços de leitura e de estudo e que, a partir dessa iniciativa, conseguiram mudar a vida das pessoas da comunidade. 

Infelizmente, tenho poucas lembranças de profissionais bibliotecários que “se aventuraram” numa ação “missionária” dentro de becos e lixões com o simples propósito de mudar o status quo da comunidade, se conhecem, por favor, me avisem, pois gostaríamos de divulgar aqui no MURAL!

Também me incluo na lista desses profissionais que optaram pela biblioteca convencional, por esse motivo me sinto à vontade para questionar. Nunca “me aventurei” em abraçar uma causa voluntária em prol de comunidade X ou Y. Cada vez mais nos “apaixonamos” pelas tecnologias voltadas para recuperação da informação e vamos deixando de lado a Biblioteconomia voltada diretamente para as pessoas. 

O brilho das estrelas, ou melhor, algumas estrelas que brilham, podem estar no meio do nada, sem canudo e sem faculdade, sem título de mestre ou doutor, mas no coração um sentimento de pertença a uma profissão que não lhe pertence por direito, porque escolheu sua atuação por inspiração e vocação.

Vivam os bravos guerreiros! Sejam bibliotecários ou não, que conseguem fazer que as crianças, adultos e velhos voltem a sonhar com um mundo diferente, um mundo de possibilidades e oportunidades. 

Vamos ter cuidado para não apagar a luz desses guerreiros, comprometendo o resultado de trabalhos voluntários, cujo único objetivo é fazer as pessoas brilharem. Afinal, queremos ou não a tão difundida “democratização da leitura”? Daremos ou não o devido reconhecimento aos profissionais, de diferentes áreas, que encaram essa empreitada? #somostodospelaleitura

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