Uma velha questão que volta e meia vem à tona e levanta grandes
discussões: uma biblioteca pode ou não funcionar sem bibliotecário? A ausência
do bibliotecário invalida o trabalho desenvolvido por pessoas comprometidas com
a biblioteca e com a comunidade?
Lembrei-me dos pequenos espaços cedidos em salas, varandas, garagens,
borracharias, lixões, centros comunitários, dentre outros, por simpatizantes da
leitura, em lugarejos distantes, esquecidos e de acesso difícil, para formação
do que eles orgulhosamente chamam de “biblioteca”.
Geralmente são iniciativas de pessoas simples da comunidade, que possuem
uma sensibilidade capaz de identificar necessidades de informação e de
conhecimento, ou simplesmente porque acreditam que através da leitura é
possível mudar o mundo. Não são poucos os casos divulgados na imprensa de
comunidades que criaram espaços de leitura e de estudo e que, a partir dessa iniciativa,
conseguiram mudar a vida das pessoas da comunidade.
Infelizmente, tenho poucas lembranças de profissionais bibliotecários
que “se aventuraram” numa ação “missionária” dentro de becos e lixões com o
simples propósito de mudar o status quo
da comunidade, se conhecem, por favor, me avisem, pois gostaríamos de divulgar
aqui no MURAL!
Também me incluo na lista desses profissionais que optaram pela
biblioteca convencional, por esse motivo me sinto à vontade para questionar.
Nunca “me aventurei” em abraçar uma causa voluntária em prol de comunidade X ou
Y. Cada vez mais nos “apaixonamos” pelas tecnologias voltadas para recuperação
da informação e vamos deixando de lado a Biblioteconomia voltada diretamente para
as pessoas.
O brilho das estrelas, ou melhor, algumas estrelas que brilham, podem
estar no meio do nada, sem canudo e sem faculdade, sem título de mestre ou
doutor, mas no coração um sentimento de pertença a uma profissão que não lhe
pertence por direito, porque escolheu sua atuação por inspiração e vocação.
Vivam os bravos guerreiros! Sejam bibliotecários ou não, que conseguem
fazer que as crianças, adultos e velhos voltem a sonhar com um mundo diferente,
um mundo de possibilidades e oportunidades.
Vamos ter cuidado para não apagar a luz desses guerreiros, comprometendo
o resultado de trabalhos voluntários, cujo único objetivo é fazer as pessoas
brilharem. Afinal, queremos ou não a tão difundida “democratização da leitura”?
Daremos ou não o devido reconhecimento aos profissionais, de diferentes áreas,
que encaram essa empreitada? #somostodospelaleitura
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