segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

BIBLIOTECÁRIO/A, EMPREENDER TRANSFORMA!

Por Fabíola Bezerra

Entre os dias 28 a 30 de novembro, estive em São Paulo participando de um evento sobre empreendedorismo e #marketingdigital, provavelmente o maior do Brasil. No Citybank Hall, estiveram presentes, durante os três dias, 4000 empreendedores.
Naquele espaço, envolvido num clima de entusiasmo e euforia, estavam empreendedores de todos os tamanhos: “micros”, pequenos, médios e grandes.
O pensamento que bailava no ar era de determinação, foco e resultados. Ali não teve espaço para se discutir crise; muito pelo contrário, muitos “cases” de sucesso foram relatados como inspiração. Partindo do princípio de que “o sucesso deixa pistas”, todos os palestrantes subiram ao palco com a missão de contar a sua história, relatando sua trajetória empreendedora, desde a criação semente da sua ideia, até a construção do seu negócio.
Quando falo “negócio”, leia-se no sentido mais amplo que a sua imaginação possa levar. Desenhistas, professores de educação física, dançarinos, advogados, veterinários, cozinheiros, cuidadores de idosos, jornalistas, médicos, dentistas, psicólogos, pedagogos, terapeutas ocupacionais, administradores, publicitários, enfim... Era uma diversidade incrível de profissionais, e apenas eu, provavelmente, como a única bibliotecária.
Em um dos intervalos, aproveitei para pagar e garantir a minha vaga para o evento do próximo ano, que acontecerá em novembro de 2017, uma vez que é muito concorrida uma vaga no evento ao vivo da #FórmuladeLançamento.
Durante todo o evento, somos motivados a procurar parcerias de trabalho. Acredito que foi movido por esse sentimento que um senhor se aproximou de mim enquanto aguardava a minha vez para ser atendida. Com um sorriso nos lábios ele me abordou fazendo a seguinte pergunta: “qual o seu negócio?”. Bem, antes de começar a falar o porquê de estar ali no evento, disse assim: “sou bibliotecária...” O sorriso simpático do seu rosto se transformou numa expressão de quem não entende que negócio poderia ter um bibliotecário, ou, em última análise, ele não teria como fazer parceria com um bibliotecário. Antecipou-se na sua fala e não deixou que eu continuasse a minha narração: “não acredito que tenho em quê fazer parceria com um bibliotecário!” Sorri e respondi para ele: “que pena, vai deixar de aprender muitas coisas...” Nessa altura da conversa, eu já estava no balcão para ser atendida, e o rapaz que ouviu aquele pequeno diálogo sorriu e delicadamente me atendeu.
Dentre os depoimentos que ouvimos voluntariamente por algumas pessoas da plateia, um deles me chamou a atenção: o de uma moça jovem que se intitulou costureira. Em seu relato emocionado, contou que morava em uma colônia de pescadores em Pernambuco, trabalhava numa espécie de cooperativa de costureiras locais, o ganho com seu trabalho e das demais colegas era tão miserável que ela resolveu sair da sua cidadezinha para procurar uma condição de vida melhor para ela e para suas colegas da cooperativa. Apropriou-se da ideia de ser empreendedora, pois acredita na força de transformação a partir do empreendedorismo. Seu projeto de vida passou a ser o de transformar a vida das costureiras da colônia de pescadores onde morava.
Essa semana, casualmente, eu tive acesso a um post no Facebook de uma colega de profissão que admiro bastante. No post, ela colocou que muitos bibliotecários da sua cidade estavam trabalhando em “supermercado, pizzaria, farmácia e cozinha de restaurantes”, não que não existissem bibliotecas, mas pelo fato de não haver contratação. Como na Internet uma coisa puxa a outra, também tive acesso a outro post onde foi publicada uma foto como testemunho, de uma determinada bibliotecária, que, para sobreviver, estava trabalhando como lavadeira. Todas as profissões são igualmente dignas, mas vamos combinar que, ao conquistar o título superior de bibliotecário, seguramente o sonho profissional é minimamente trabalhar na profissão.
Observo que falta em alguns bibliotecários uma visão mais ampliada do seu campo de atuação fora do espaço da biblioteca. Desde que adentrei de cabeça e com o coração aberto no campo do #empreendedorismo, tenho alimentado um sonho de colaborar para que outros bibliotecários possam atuar como empreendedores. Tenho feito isso esporadicamente por meio de alguns textos que publico no Mural e em alguns vídeos que publiquei até aqui. Aproveito a ocasião e vou lançar aqui uma sementinha que irá florir em 2017: vamos criar um grupo experimental de bibliotecários empreendedores. Se você leu esse texto até aqui, e se por acaso se identifica com o nosso pensamento, poderá ser um dos 10 participantes desse projeto piloto que iremos implantar em 2017.
Poderia fazer “segredo” sobre isso, mas resolvi usar como compromisso; uma vez comprometido, será difícil procrastinar esse projeto. Estamos definindo os critérios para a seleção. Aguardem o próximo post!
E, para finalizar, deixo uma frase para que possam pensar e refletir:
“Se não EU, então quem? Se não AGORA, então quando?”



Foto: Com Camila Porto e demais mentorandos no evento do #FL2016.


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