por Fabíola Bezerra & Edvander Pires
Inspirada
nas diferentes manifestações nas redes sociais sobre o artigo “Bibliotecário:
profissional procurado com lupa” (http://www.cfb.org.br/UserFiles/File/biblio.pdf),
publicado no dia 21 de junho de 2015, no caderno Boa Chance do Jornal O Globo,
gostaria de apresentar o meu posicionamento diante da reportagem, bem como
alguns questionamentos que surgiram após a sua publicação, sob uma perspectiva
diferente.
Imaginemos
uma situação em que um bibliotecário X fosse argumentar para um dirigente de
uma grande empresa sobre a importância de contratá-lo, lembramos aqui que essa
empresa não possui bibliotecário, muito menos uma unidade de informação. Depois
de ouvir o bibliotecário, o dirigente olha para ele e diz:
-
Qual VALOR você poderia agregar à minha empresa como profissional e que
justifique a sua contratação? Argumente de forma convincente que o emprego é
seu!
Sendo
uma situação imaginária, não vou esperar a resposta, mas continuo a minha
reflexão.
Tomando
como base a minha experiência profissional, permito-me dizer que a formação do
bibliotecário tem sido voltada para o serviço público desde sempre, seja pelo
incentivo da própria academia, seja pela questão salarial, de estabilidade e de
benefícios. Aqueles que não têm a “sorte” de ingressar no serviço público
veem-se obrigados a enveredar pelo caminho da iniciativa privada,
sujeitando-se, muitas vezes, a salários insignificantes ou quase “miseráveis”.
No
CBBD de 2013, Gil Giardelli disse a seguinte frase em sua palestra: “se não tem
emprego, faça o seu emprego”. Essa colocação vai ao encontro da situação
hipotética colocada acima, surgindo ainda uma outra questão: temos perfil para
esse novo modelo de profissional? Infelizmente nosso “DNA profissional” ainda
não tem sido voltado para ações empreendedoras, apesar das competências
gerenciais exploradas no currículo dos cursos de Biblioteconomia. Até então,
não fomos formados para pensar e agir como empreendedores, seja por falta
de incentivo, de consciência ou de afinidade. Temos dificuldades de pensar “fora
da caixa” e de encontrar alternativas favoráveis a uma atuação profissional que
vá além do âmbito do serviço público. Muitos que “se aventuram” por caminhos
diferentes conseguem ótimos resultados.
Fala-se
muito que a “salvação” da profissão e do profissional está diretamente
relacionada com a tecnologia e com o domínio da mesma. Reconheço que
desenvolver habilidades tecnológicas tornou-se uma condição sine qua non dentro da atuação
profissional do bibliotecário, porém esse não é o único elemento que garantirá uma
vaga no mercado de trabalho.
Atualmente,
existe uma área pouquíssimo explorada pelos bibliotecários: o empreendedorismo
digital! Refiro-me aqui a empreendedorismo no seu sentido mais amplo e
irrestrito, podendo até ser incluída a possibilidade de pensar “fora do
padrão”. A ausência de formação acadêmica voltada para o tema causou, de certa
forma, um “atrofiamento” de ideias e de visão, dificultando que muitos
bibliotecários vislumbrem a Biblioteconomia sob uma “lente de cor diferente”.
Faz-se
necessário “mergulhar” no mundo digital e identificar, por exemplo,
pessoas-chave a seguir nas redes sociais que possam ajudar a construir
conhecimentos nessa área. Superar as dificuldades da realidade atual da
profissão passa necessariamente pelo “empoderamento” de um novo conhecimento
que vai além da Biblioteconomia. Nesse sentido, acredito que um ótimo caminho para quem está saindo da universidade hoje é
procurar uma formação complementar voltada para coaching, para ajudar a pensar
diferente. Saia um pouco do mundo da Biblioteconomia, para entender o mundo lá
fora, e depois poder voltar para a Biblioteconomia de forma diferente, daí
talvez a lupa não seja mais tão necessária assim...
Fonte consultada:
BIBLIOTECÁRIO:
profissional procurado com lupa. O Globo,
21 jun. 2015. Disponível em: <http://www.cfb.org.br/UserFiles/File/biblio.pdf>.
Acesso em: 25 jun. 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário