segunda-feira, 6 de julho de 2015

DE QUAL “LUPA” ESTAMOS FALANDO?


por Fabíola Bezerra & Edvander Pires





Inspirada nas diferentes manifestações nas redes sociais sobre o artigo “Bibliotecário: profissional procurado com lupa” (http://www.cfb.org.br/UserFiles/File/biblio.pdf), publicado no dia 21 de junho de 2015, no caderno Boa Chance do Jornal O Globo, gostaria de apresentar o meu posicionamento diante da reportagem, bem como alguns questionamentos que surgiram após a sua publicação, sob uma perspectiva diferente.

Imaginemos uma situação em que um bibliotecário X fosse argumentar para um dirigente de uma grande empresa sobre a importância de contratá-lo, lembramos aqui que essa empresa não possui bibliotecário, muito menos uma unidade de informação. Depois de ouvir o bibliotecário, o dirigente olha para ele e diz:

- Qual VALOR você poderia agregar à minha empresa como profissional e que justifique a sua contratação? Argumente de forma convincente que o emprego é seu!

Sendo uma situação imaginária, não vou esperar a resposta, mas continuo a minha reflexão.

Tomando como base a minha experiência profissional, permito-me dizer que a formação do bibliotecário tem sido voltada para o serviço público desde sempre, seja pelo incentivo da própria academia, seja pela questão salarial, de estabilidade e de benefícios. Aqueles que não têm a “sorte” de ingressar no serviço público veem-se obrigados a enveredar pelo caminho da iniciativa privada, sujeitando-se, muitas vezes, a salários insignificantes ou quase “miseráveis”.

No CBBD de 2013, Gil Giardelli disse a seguinte frase em sua palestra: “se não tem emprego, faça o seu emprego”. Essa colocação vai ao encontro da situação hipotética colocada acima, surgindo ainda uma outra questão: temos perfil para esse novo modelo de profissional? Infelizmente nosso “DNA profissional” ainda não tem sido voltado para ações empreendedoras, apesar das competências gerenciais exploradas no currículo dos cursos de Biblioteconomia. Até então, não fomos formados para pensar e agir como empreendedores, seja por falta de incentivo, de consciência ou de afinidade. Temos dificuldades de pensar “fora da caixa” e de encontrar alternativas favoráveis a uma atuação profissional que vá além do âmbito do serviço público. Muitos que “se aventuram” por caminhos diferentes conseguem ótimos resultados.

Fala-se muito que a “salvação” da profissão e do profissional está diretamente relacionada com a tecnologia e com o domínio da mesma. Reconheço que desenvolver habilidades tecnológicas tornou-se uma condição sine qua non dentro da atuação profissional do bibliotecário, porém esse não é o único elemento que garantirá uma vaga no mercado de trabalho.

Atualmente, existe uma área pouquíssimo explorada pelos bibliotecários: o empreendedorismo digital! Refiro-me aqui a empreendedorismo no seu sentido mais amplo e irrestrito, podendo até ser incluída a possibilidade de pensar “fora do padrão”. A ausência de formação acadêmica voltada para o tema causou, de certa forma, um “atrofiamento” de ideias e de visão, dificultando que muitos bibliotecários vislumbrem a Biblioteconomia sob uma “lente de cor diferente”.

Faz-se necessário “mergulhar” no mundo digital e identificar, por exemplo, pessoas-chave a seguir nas redes sociais que possam ajudar a construir conhecimentos nessa área. Superar as dificuldades da realidade atual da profissão passa necessariamente pelo “empoderamento” de um novo conhecimento que vai além da Biblioteconomia. Nesse sentido, acredito que um ótimo caminho para quem está saindo da universidade hoje é procurar uma formação complementar voltada para coaching, para ajudar a pensar diferente. Saia um pouco do mundo da Biblioteconomia, para entender o mundo lá fora, e depois poder voltar para a Biblioteconomia de forma diferente, daí talvez a lupa não seja mais tão necessária assim...

Fonte consultada:

BIBLIOTECÁRIO: profissional procurado com lupa. O Globo, 21 jun. 2015. Disponível em: <http://www.cfb.org.br/UserFiles/File/biblio.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2015.

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