segunda-feira, 18 de maio de 2015

TECNOLOGIAS DE ONTEM E DE HOJE


O que pensar quando passamos em frente a uma vitrine e nos deparamos com um determinado equipamento que agrega valor às “tecnologias” de ontem e de hoje?


Foi inevitável não fazer uma associação com os suportes informacionais que nós, bibliotecários e demais profissionais da informação, gerenciamos e tratamos tecnicamente em nosso cotidiano. E, na verdade, esse tem sido um dos grandes diferenciais em nossos acervos: a pluralidade de suportes. Bibliotecas de música, videotecas, arquivos e museus são apenas alguns dos exemplos que ilustram essa pluralidade. E por que não mencionar também o livro impresso e o eletrônico?

Que tipo de estratégia delinear, então, para que essa pluralidade de acervos “conviva em harmonia” (assim como este equipamento)? Vinil + CD + USB + SD + AM + FM! Assim, é possível ratificarmos que as tecnologias da informação (em níveis de suportes informacionais) têm se perpetuado e ainda poderão “conviver juntas” por muito tempo... Passando por adaptações, claro.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

A SAGA DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS FRENTE À EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR EM MOÇAMBIQUE



Por Euclides Cumbe - Maputo, Moçambique

Se há um lugar onde muito se busca, se consome e se produz muita  informação, este lugar certamente é a universidade. Pelo menos é o que se espera destes centros de educação que trazem em sua essência o ideal de difundir e produzir conhecimento. E, consequentemente, a biblioteca universitária aparece como uma extensão de tudo isto, ou melhor, um meio para atingir este ideal, estando fortemente atrelada à comunidade académica na construção do processo educacional. 


E como parte integrante deste processo, a biblioteca deve estar em consonância com o que propõe a universidade: a criação de novos cursos, novas formas de ensino, a exigências de novos suportes de informação etc. Mas não tem sido fácil (ou tem sido niglegenciado) acompanhar as mudanças incorporadas pelas universidades que, na maioria das vezes, alteram seus propósitos sem avaliar sua real capacidade de atender aos mesmos. Na corrida pela expansão do ensino, criam-se universidades; públicas e privadas; ensino presencial e ou à distância. 



O número de instituições de ensino superior em Moçambique tem vindo a aumentar, contando actualmente com 44 instituições, a preocupação é que nem sempre expansão e qualificadade do ensino andam juntas, da forma como se estabelece actualmente este processo, uma acaba por abdicar da outra. A questão é que criam-se mais instituições de ensino superior, mais cursos de graduação, mais vagas, mas não se considera de imediato que na mesma proporção devem-se aumentar os recursos humanos qualificados para a  biblioteca, a verba para aquisição de material bibliográfico que atendam a este novo público, o espaço físico para comportar este acervo e os próprios usuários, sem falar na necessidade de equipamentos, como computadores e mobiliário para estudo.

Isso não seria problema se as bibliotecas fossem projectadas inicialmente visando o crescimento futuro da instituição, mas também não é o que normalmente acontece e a biblioteca acaba por ser apontada por sua insuficiência no atendimento às demandas universitárias que, na realidade, é uma consequência da ineficiência do sistema como um todo. Diante das novas demandas informacionais e com o advento de novas ferramentas de produção e disseminação da informação, novos desafios surgem e há que questionar:  “como serão os universitários do futuro e as suas necessidades de informação?”

terça-feira, 12 de maio de 2015

A INFORMAÇÃO E O SERVIÇO DE REFERÊNCIA


Por Ana Luiza Chaves

O produto é sempre o mesmo, mas embrulhado e entregue de diferentes formas. É tarefa do bibliotecário buscar a informação certa, na hora certa, para entregar à pessoa certa!

Mas como? Há algo mais amplo e genérico do que a informação?

Principalmente nos dias atuais, quando se fala de informação, abre-se um leque sem limites de dimensão. A informação está em todo lugar, se apresenta em diferentes formas, pode ser simples ou complexa, dentro dela os assuntos são multifacetados, e por aí vai...

E como saber qual informação deve ser entregue à qual usuário?

É aí que entra a relação interpessoal entre usuário e bibliotecário, conhecida pela expressão biblioteconômica serviço de referência.

Nesse momento único (porque cada um é cada um), há todo um processo de interação, de comunicação, de troca, em que um tenta externar o que procura (linguagem natural), e o outro procura entender, para depois fazer a transcodificação para a linguagem adotada (linguagem controlada).

Buscamos a resposta seja onde for, esteja ela onde estiver, mesmo que seja só um encaminhamento, uma indicação externa, um link, uma dica. É a biblioteca sem paredes, buscando informação na rede, por intermédio de outras bibliotecas ou centros, de outros bibliotecários e até de outros profissionais, tudo em função e em prol do usuário, centro do problema em questão. Eu diria, é a conspiração para o bem.

Na verdade, independente de trabalhar no serviço de referência de uma biblioteca ou de um centro de informação, todo bibliotecário é bibliotecário de referência. Mas, afinal, o que é essa referência de que falamos?

Para qualquer dicionário, referência é o ato de referir ou consultar; narração ou relação de algo; aquilo que se refere; sinal ou indicação que remete o leitor a outra fonte; fonte de informação ao qual o leitor é remetido; obra em formato de dicionário ou enciclopédia, que contém fatos e informações úteis.

O assunto nos compêndios biblioteconômicos é bem mais antigo e complexo do que as definições acima, já sintetizadas na atualidade. Remonta ao século IX, quando Samuel Sweett Green, em 1876, fez a primeira proposta explícita de um programa de assistência pessoal aos leitores, diferentemente da ajuda ocasional − o Serviço de Referência. E aí vieram outros estudiosos e teóricos da área, que só contribuíram e ampliaram o conceito, tornando-o discutido na literatura até os dias de hoje, isto porque agora, além do serviço presencial (face a face), temos a versão virtual, em que, por sua vez, estão em jogo outros conceitos.


Mas o auxílio que o usuário precisa vai além da própria obra de referência, permeando todo um complexo de atendimento, até o resultado da busca final. Portanto, é constituído da atividade-fim resultante dos outros serviços realizados pela biblioteca (registro, catalogação, classificação, indexação), com o objetivo de atender às demandas informacionais dos usuários.

Conforme Grogan (2001), hoje exercemos o serviço de referência em seu sentido mais amplo, pois o bibliotecário de referência tanto cumpre as funções informacionais como as funções instrucionais, educando o usuário a utilizar melhor os serviços da Biblioteca, principalmente a recuperar a informação da qual necessitam. O processo ocorre em duas grandes etapas: análise da natureza do problema e localização das respostas. Para esse processo, o autor definiu oito passos:

1. O problema: É o momento em que o usuário sente necessidade de buscar alguém da biblioteca que o auxilie;

2. A necessidade de informação: É o que o usuário necessita; no entanto, isso em algumas vezes não está muito definido;

3. A questão inicial: É a busca do usuário pela informação. São as indagações que ele faz, na tentativa de recuperá-la;

4. A questão negociada: É o momento em que o bibliotecário recebe do usuário as suas questões;

5. A estratégia de busca: É o momento da intervenção do bibliotecário, quando ele faz a análise da necessidade do usuário e transcodifica para o sistema de linguagem do acervo, selecionando e localizando as fontes adequadas;

6. O processo de busca: É a procura das questões do usuário junto ao acervo, agora já adaptadas ao contexto;

7. A resposta: É o resultado da busca, que pode ser já a solução do problema se satisfizer à necessidade do usuário apresentada no início do processo;

8. A solução: É a resposta sem qualquer dúvida para atender ao usuário e, se há dúvida, o processo se reinicia.

As tecnologias da informação estão aí, prontas para serem utilizadas e dar o aporte necessário para a eficácia e eficiência de qualquer serviço de referência e informação. Se nós bibliotecários não nos sentimos bibliotecários de referência, é hora de correr atrás do prejuízo e ver o que está faltando em nossa formação (conhecimentos, habilidades e atitudes – CHA), pois, na nossa essência, devemos todos ser bibliotecário de referência enquanto atuamos, para que sejamos também uma referência de bibliotecário.

--
GROGAN, Denis. A prática do serviço de referência. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2001.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

BIBLIOTECAS ITINERANTES: LEVAR, TRANSPORTAR, DISPONIBILIZAR BIBLIOTECA E SEMPRE ALGO MAIS...


Por Nuno Marçal


A raiz identitária das bibliotecas itinerantes sempre foi ir e estar junto daqueles que precisam e necessitam dos serviços de uma Biblioteca e, por razões geográficas, ela não está próxima.

As suas origens coincidem com a explosão da Revolução Industrial, que arrastou grandes massas populacionais e transformou as necessidades e também as vontades de acesso as Bibliotecas.

As Bibliotecas Itinerantes possuem no seu ADN essa necessidade de ir e estar mais perto de quem quer ou necessita usufruir dos serviços dessa casa de Liberdade que é uma Biblioteca.

Esse esbater de fronteiras geográficas e funcionais mantêm-se até hoje como a imagem de marca que prevalece e que por todo o Mundo ,resiste, evolui e adapta-se as exigências de um constante devir na produção e necessidades de Informação e Conhecimento, nos mais diversos suportes e formatos.

Essa capacidade de adaptação, circunstância obrigatória para quem faz da estrada o seu território funcional e emocional tem sido a chave para a sua sobrevivência. Vivemos tempos em que o acesso pode ser considerado universal, no entanto, tal como no passado existem franjas (vastas) da população que se encontram fora do circuito habitual de acesso normalizado a um serviço bibliotecário livre.

Valores como a Proximidade, Periodicidade, Cumplicidade, Intimidade e Amizade ajudam (são essenciais!) nessa missão de levar, transportar e disponibilizar Biblioteca.
 
  

A preocupação com as pessoas contribuiu e por isso continua a contribuir para que os relatos sobre as boas vivências individuais e comunitárias com as Bibliotecas Itinerantes, sejam idênticos em qualquer das quatro partidas deste Mundo. Uma Biblioteca feita por pessoas para pessoas!

Ir ao encontro das necessidades e vontades daqueles que usam, abusam e desfrutam daquilo que levamos e disponibilizamos é obrigatório e essencial no cumprimento da nossa missão/paixão.
As Bibliotecas mudam (são obrigadas a isso!) os espaços sacralizados de outrora dão lugar a espaços vivos que convidam as comunidades a entrar, a estar, a usar. A desfrutar!

Essa ligação umbilical entre Biblioteca/Comunidade e que nalguns casos foi/é o garante da sua sobrevivência e resistência contra poderosas ameaças a sua viabilidade e existência, é garantida e reforçada com a adequação dos serviços prestados com as reais necessidades da população que usa ou que pode vir a usar dentro da Biblioteca.

As Bibliotecas Itinerantes são Bibliotecas. Usufruem dessa enorme vantagem de estarem e irem ao encontro dos seus visitantes/utilizadores/Amigos. Esse importante trunfo garante para já uma enorme vantagem nessa relação fraterna, que importa valorizar e reforçar. Força da sua natureza mais informal, podem ajudar a esbater barreiras (que ainda subsistem) mais facilmente, para um total desfrute e usufruto de tudo o que as Bibliotecas disponibilizam.

Quem diariamente e globalmente fazem (e são muitos) acontecer as Bibliotecas Itinerantes por essas estradas, terras e gentes do planeta Terra têm noção das suas especificidades funcionais. Isso não nos transforma em melhores ou piores que todos os outros, apenas diferentes nessa nobre missão de fazer acontecer Biblioteca, como um espaço vivo de Liberdade e Fraternidade onde a Informação, o Conhecimento, os Serviços, os Afectos são elementos primordiais na sua interação e integração na Comunidade que serve e da qual depende.

“Bibliotecas ruins fazem coleções. Bibliotecas boas realizam serviços (dos quais uma coleção é apenas um deles). Bibliotecas excelentes criam comunidades.” R.David.Lankes


--