segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A GESTÃO DA INFORMAÇÃO EM ARQUIVOS DE TV

por Edvander Pires



Os acervos de mídias não convencionais, como os arquivos de TV, trazem, como características próprias, informações múltiplas acerca dos conteúdos abordados nas suas apresentações e reportagens, que vão desde o áudio, que funciona como uma espécie de narração dos fatos, ao que é mostrado nas imagens em movimento, nas quais essas informações são carregadas de significados que não podem fugir àqueles que delas necessitam. Os usuários desse tipo de informação requerem esse material com a maior fidedignidade e rapidez possíveis. Sendo assim, as atividades desenvolvidas nesse tipo de arquivo resumem-se, basicamente, ao registro das mídias, descrição, classificação, indexação, decupagem, avaliação do conteúdo informacional e atendimento ao usuário.

São considerados usuários de um arquivo de TV: repórteres, cinegrafistas, apresentadores, produtores e editores, além dos clientes externos, na maioria deles entrevistados que participaram de alguma gravação. Esses usuários “alimentam” o acervo do arquivo com documentos que contêm informações acerca do cotidiano retratado nas reportagens e buscam, num futuro não muito distante, essas mesmas reportagens a fim de que possam utilizá-las num novo contexto surgido. Esse é o ciclo informacional que se cria no ambiente de um arquivo de TV, no qual temos como protagonistas usuário e/ou cliente, gestor da informação (bibliotecário e/ou arquivista) e sistema de tratamento e recuperação da informação.

Outro ciclo informacional que merece a nossa atenção no contexto de uma emissora de TV, levando em consideração os documentos produzidos e que “deságuam” no Arquivo, é o workflow da produção, tramitação e destinação da documentação audiovisual. Para um gerenciamento eficaz desse tipo de arquivamento, a elaboração de uma cadeia documentária que ilustre esse workflow torna-se crucial para o entendimento da rotina de trabalho do setor Arquivo e para a elaboração de documentos normativos e/ou institucionais, como manuais e políticas de indexação, por exemplo.

Os suportes de arquivamento (ou mídias) que compõem o acervo audiovisual de uma emissora de TV interferem diretamente na gestão documental e na forma de tratamento técnico da informação. Compilamos aqui algumas imagens retiradas da Internet, mais especificamente de blogs sobre TV (SILVA, 2011) e de sites comerciais, que representam fielmente a composição do acervo físico dos principais arquivos de TV. Esses suportes de arquivamento foram dispostos seguindo a sua ordem cronológica de uso, indo da mais antiga para a mais recente:



















 


















 

















 




















 

























Salientamos que a apresentação dessas mídias de arquivamento somente foi possível devido às observações feitas nos ambientes dos arquivos de TV que visitamos ao longo de nossa carreira acadêmica e profissional, além das conversas informais que tivemos com os profissionais que trabalham em TV. Recorrer aos textos de Caldeira (1996), Salles ([200-]) e Silva (2008, 2011) também foi fundamental para compreendermos a terminologia, a finalidade de uso e as diferenças entre cada tipo de mídia.

Além de conhecer a rotina televisiva e os principais suportes de arquivamento, visando ao tratamento técnico da documentação audiovisual, a etapa de avaliação do acervo deve ser realizada constantemente, pois há mídias que serão eliminadas devido ao seu uso em excesso, o que faz com que a imagem gravada comece a “digitalizar”, ou seja, a mídia perde a qualidade, começando a apresentar “pontos”, “quadrados” ou "congelamentos” na imagem. É importante ressaltar que essa eliminação vale apenas para as mídias utilizadas nas gravações de externa, ou seja, das imagens capturadas quando a equipe de reportagem está nas ruas. Por outro lado, as mídias contendo os programas gravados terão a sua guarda permanente. Comenta-se muito sobre a qualidade dos diferentes tipos de suporte de arquivamento, conforme apresentados anteriormente, bem como o seu período de vida útil.

Como exemplo, temos as imagens já arquivadas em HD, o que propicia uma maior qualidade de imagem e acesso em rede. Nesse caso, a atenção é voltada para o formato de vídeo (tais como: DIVX, AVI, MPEG, dentre outros) a ser capturado e/ou arquivado em HD, tendo em vista a limitação de espaço para armazenamento. Tem-se recorrido ao arquivamento em storage, cuja relação custo-benefício tem agradado a muitos gestores nas áreas de Comunicação e Tecnologia da Informação. Contudo, um embate de ideias tem surgido: o suporte digital garante a segurança das imagens audiovisuais a ponto de não mais arquivarmos em um suporte físico? Tendo em vista esse embate, cabe a cada gestor e profissional da informação decidir pela forma de arquivamento mais adequada à realidade de sua emissora de TV.

Contudo, de nada adianta uma migração de suportes, a exemplo do que ocorre de fitas ou DVDs para HDs, sem um método consistente de trabalho voltado para o tratamento do conteúdo informacional das imagens em movimento, foco da nossa discussão para o gerenciamento eficaz da informação.


REFERÊNCIAS

ARONCHI DE SOUZA, José Carlos. Gêneros e formatos na televisão brasileira. São Paulo: Summus, 2004.

AYRES, Maria Teresa Lima; SANTOS, Francisco Edvander Pires; SILVA, Ana Kelly Pereira da. Manual de política de indexação. Fortaleza: Banco de Dados O POVO, 2011. 111 p.

CALDEIRA, Carlos Reinas. Formatos e suportes de vídeo. Revista Educação e Tecnologia, Salvador, n. 17, p. 125-143, fev. 1996. Disponível em: <http://bdigital.ipg.pt/dspace/bitstream/10314/864/1/revista%20N%c2%ba17%20-%20Caldeira%20%281996%29.pdf>. Acesso em: 24 set. 2012.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Debate: televisão, gêneros e linguagens. Brasília: MEC/TV Brasil, 2006. (Boletim, 10). Disponível em: <http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/161649Televisao.pdf>. Acesso em: 30 maio 2013.

SALLES, Filipe. A imagem eletrônica: o vídeo. Disponível em: <http://labculturaviva.org/pontobrasil/materialdidatico/imagemeletronica.pdf>. Acesso em: 24 set. 2012.

SANTOS, Francisco Edvander Pires. Estudo de usuários no Arquivo de Imagens da TV O POVO. Fortaleza, 2010. 33 p.

______. Relatório de atividades e pesquisa de opinião. Fortaleza, 2011. 12 p.

______. Relatório de atividades 2012. Fortaleza, 2012. 42 p.

SILVA, Yuri Victorino Inácio da. A produção da informação audiovisual na televisão: um estudo preliminar sobre os documentos U-MATIC do Arquivo da TVE-RS. 2008. 66f. TCC – Departamento de Arquivologia, Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. Disponível em: <http://www.arxiusdobrasil.com.br/wp-content/uploads/2011/08/UMATICyvis.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2013.

______; OLIVEIRA, Lizete Dias de. A preservação da informação audiovisual na televisão: um estudo sobre os documentos U-MATIC do Arquivo da TVE-RS. In: CONGRESSO DE ARCHIVOLOGÍA DEL MERCORSUR, 8., 2009, Montevidéu. Anais... Disponível em: <http://projetores-yuri.blogspot.com.br/2011/08/preservacao-da-informacao-audiovisual.html>. Acesso em: 16 jun. 2013.

______. Os Quadruplex e outros formatos de videotapes presentes na Fundação Cultural Piratini Rádio e TV. In: BLOG FUNDO DA GAVETA DO YURI, 28 set. 2011. Disponível em: <http://projetores-yuri.blogspot.com.br/2011/09/importancia-dos-quadruplex-e-outros-da.html>. Acesso em: 16 jun. 2013.

SMIT, Johanna Wilhelmina. O documento audiovisual ou a proximidade entre as 3 Marias. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 26, n.1/2, p. 81-85, jan./jun. 1993. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/documento.php?dd0=0000002163&dd1=3e67b>. Acesso em: 22 maio 2013.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

LEITURA: INDEPENDÊNCIA E LIBERDADE


por Ana Luiza Chaves 

Independência!
Porque posso ler.

Consciência!
Porque posso entender.

Paciência!
Porque posso aprender.

Competência!
Porque posso fazer.

Reticência!
Porque posso compartilhar...

Abrangência!
Porque posso disseminar.

Docência!
Porque posso ensinar.

Insistência!
Porque posso continuar...

Independência!
Porque posso ler.

Liberdade!
Porque posso questionar.

Independente do contexto...
Leitura!

terça-feira, 1 de setembro de 2015

USUÁRIO DE BIBLIOTECA OU AVATAR? POTENCIALIZANDO O ATENDIMENTO EM BIBLIOTECAS



por Fabíola Bezerra


No universo do marketing digital, a figura do “avatar” representa a personificação do público-alvo, conhecer as características, as necessidades, as expectativas do seu público farão a diferença na hora de criar uma campanha de marketing. Um mesmo produto apresenta-se de formas diferentes para públicos diferentes, nesse caso, generalizar a campanha seria um erro que comprometeria os resultados.

Quem trabalha diretamente com o público em unidades de informação, muitas vezes comete o erro de tratar todos os usuários de maneira igualitária, o nivelamento no relacionamento com a comunidade é gerado pela falta de conhecimento individualizado em relação aos membros da comunidade. A aplicabilidade dessa teoria do marketing digital na construção da figura do, ou dos avatares, seria, porventura, a ferramenta necessária para diferenciá-los. 

Na construção da figura do avatar, se faz necessário identificar suas principais características, sendo elas: Qual é o sexo do avatar? Onde ele mora? Qual a sua idade? Onde ele trabalha? Além de informações do tipo: Profissão? Estado Civil? Principais Necessidades? Sua Dor? Seus Medos? Nessa perspectiva, os sistemas de informações que gerenciam as bibliotecas, poderão responder a maioria dessas perguntas, de posse delas, o bibliotecário terá condições para identificar os hábitos e preferências de seus usuários, individualizando assim o atendimento, dessa forma, conduzindo-os a resultados significativos.

Contextualizando para o ambiente de bibliotecas, poderemos Ilustrar, ou identificar diferentes figuras de avatares. Exemplificando essa questão poderemos citar as bibliotecas universitárias. Elas possuem três públicos bem definidos: o corpo discente, o corpo docente e os técnicos administrativos, cada um deles com suas especificações. O corpo discente dependendo da instituição pode ser formado por alunos de Medicina, Farmácia, Biologia, Matemática, Computação, Engenharias, Psicologia, etc. As necessidades variam conforme a demanda de cada curso, que podem refletir-se no tipo de acervo, na frequência e uso da biblioteca, na quantidade de empréstimos, ou, no próprio manuseio com o livro dentre outros. Assim como, um mesmo produto da biblioteca poderá ter significado diferente dependendo da sua aplicação pelo usuário. Um bom exemplo disso são os treinamentos, conhecer o interesse e a motivação do público em relação ao treinamento, irá influenciar o discurso do facilitador.

No entanto, é importante reconhecer os usuários de bibliotecas como avatares, sabendo que, cada biblioteca possui mais de um avatar. A aplicação desse conceito do marketing digital à Biblioteconomia facilitará a personalização do relacionamento com a comunidade e a excelência na prestação de serviço, da mesma forma que a comunidade terá um relacionamento diferenciado com a biblioteca. 

E você conhece os diferentes tipos de avatares que sua biblioteca presta serviço? Vamos conversar sobre isso?