terça-feira, 9 de junho de 2015

BIBLIOTECONOMIA SOCIAL: A APLICABILIDADE

Confira a entrevista com a bibliotecária Nair de Freitas Hermes, gestora da Biblioteca Pública Municipal Érico Veríssimo, na cidade de Rio Grande (RS). Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=owNsVCrbXbk>.

 


Esse vídeo faz parte do projeto Biblioteconomia Social, desenvolvido pelo Mural Interativo do Bibliotecário, em parceria com a bibliotecária Cátia Lindemann.


segunda-feira, 8 de junho de 2015

INDEXAÇÃO & SRI

por Edvander Pires

Alguns dos principais conceitos de indexação remontam de décadas atrás (CHAUMIER, 1988), porém é nítido que a sua prática tem se aperfeiçoado com o passar do tempo, tendo em vista os acervos físicos e digitais que compõem atualmente as bibliotecas e os centros de documentação. 

Faz-se necessário que o indexador conheça as características de cada documento, bem como a demanda por informação de seus usuários, para que, assim, possa atribuir termos descritores que sejam mais apropriados à representação do conteúdo informacional. Portanto, é preciso que as etapas de indexação sejam rigorosamente cumpridas, a saber: a análise conceitual do documento, a tradução para a linguagem do sistema e o controle de qualidade de todo o processo (BENTES PINTO, 2001).

Aplicando as etapas de indexação ao ambiente das bibliotecas universitárias, por exemplo, para que determinado documento seja incorporado no Sistema de Recuperação da Informação (SRI), o indexador deve analisá-lo conceitualmente baseado na definição explícita da comunidade acadêmica à qual o documento ou a publicação se destina. A partir dessa informação, é possível inserir no SRI os termos mais relevantes que representam o conteúdo analisado. Por conseguinte, deve-se atentar para a etapa de tradução, na qual a linguagem natural será convertida para a linguagem controlada do sistema. 
 
 


Aliado a esse processo, é de suma importância que o SRI seja periodicamente submetido a um criterioso controle de qualidade, visando avaliar se os termos estão realmente suprindo as necessidades de busca dos usuários. E é nessa etapa que se deve verificar se há algum problema em relação à revocação e/ou precisão do sistema, dependendo de sua dimensão de indexação: exaustiva ou específica (LANCASTER, 2004). A exaustividade permite maior revocação e menor precisão, podendo ocorrer que informações irrelevantes também sejam recuperadas – causando o “ruído” de que trata Chaumier (1988) –, enquanto que a especificidade proporciona maior precisão e menor revocação no momento da busca, podendo deixar de recuperar algum conteúdo importante, gerando o “silêncio” de que trata Chaumier (1988).

Exaustividade e especificidade trazem como consequência mais dois conceitos importantes: revocação e precisão. A revocação se relaciona com a capacidade do sistema assegurar a recuperação de um número desejável de documentos relevantes, à medida que a precisão se relaciona à capacidade do sistema em impedir a recuperação de documentos não-relevantes (CARNEIRO, 1985).

É preciso que todos os procedimentos referentes à atividade de indexação na instituição sejam padronizados e documentados, seja por meio de manuais, políticas e/ou diretrizes. Nesse sentido, a importância da elaboração de uma política de indexação, por exemplo, apresenta-se em vários fatores, e um deles é a necessidade de garantia de padrões permanentes de qualidade e excelência no processo de representação da informação, tendo, assim, como resultado uma recuperação da informação igualmente de qualidade. Outro elemento importante é quanto à organização do conhecimento como fator de contribuição para o avanço tecnológico e científico, no sentido de que a política de indexação normalize os procedimentos e o estabelecimento de linguagens documentárias.

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Fontes consultadas:

BENTES PINTO, Virgínia. Indexação documentária: uma forma de representação do conhecimento registrado. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 6, n. 2, p. 223-234, jul./dez. 2001.

CARNEIRO, Marília Vidigal. Diretrizes para uma política de indexação. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. 221-241, set. 1985.

CESARINO, Maria Augusta da Nóbrega. Sistemas de recuperação da informação. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. 157-168, set. 1985.

CHAUMIER, Jacques. Indexação: conceito, etapas e instrumentos. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 21, n. 1-2, p. 63-79, jan./jul. 1988.

LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2. ed. rev. atual. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 2004.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

1001 ANDANÇAS DAS BIBLIOTECAS ITINERANTES POR ESTRADAS, TERRAS E GENTES DE PORTUGAL


Por Nuno Marçal

A história das Bibliotecas Itinerantes em Portugal está repleta de símbolos marcantes que influenciaram e muito a vida daqueles que usufruíram dos seus serviços.

 
Os primeiros serviços itinerantes de biblioteca foram criados na primeira metade do séc. XX (1914) e eram apenas malas que percorriam clubes, associações e corporações carregadas com um pequeno acervo documental. Durante a ditadura houve também um serviço de Biblioteca Itinerante (Biblioteca Ambulante de Cultura Popular) que teve uma duração efémera (1945/1949). Era constituído por sete veículos, que disponibilizavam obras da Secretaria de Propaganda Nacional.

Em 1953, António Branquinho da Fonseca escritor e Bibliotecário criou em Cascais a Biblioteca Móvel que percorria toda a linha de costa e praias da Linha do Estoril, levando livros e cultura aos veraneantes. Este serviço iria chamar a atenção da Fundação Calouste Gulbenkian que anos mais tarde convidou Branquinho da Fonseca a idealizar e concretizar aquele ícone simbólico das Bibliotecas Itinerantes em Portugal.
 
Em 1958, Branquinho da Fonseca criou, através da Fundação Calouste Gulbenkian, aquele que ainda hoje pode ser considerado uma das maiores estruturas de Leitura Pública idealizadas e realizadas em Portugal e uma das primeiras redes de leitura pública do mundo.

As Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian foram, ao longo destes anos, importantes faróis de cultura e educação, em épocas obscuras onde o analfabetismo era promovido por um Estado controlador de actos e pensamentos e pouco interessado na educação do seu povo.

Este serviço itinerante de leitura, afectos e troca de informação foi percorrendo os recantos mais escondidos e inacessíveis de Portugal, ainda hoje permanecem vestígios da sua influencia na vida de milhares e milhares de antigos utilizadores/visitantes/Amigos que recordam com a saudade a sua passagem e para o qual têm uma divida eterna de gratidão pois graças a este serviço despertaram pela primeira vez com o Livro e criaram hábitos de leitura, que sem duvida os transformaram em melhores e mais esclarecidos cidadãos.

Em 2002, a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu terminar este valoroso projecto de leitura pública entregando a responsabilidade da sua continuação aos municípios onde estavam instalados os serviços itinerante e fixos das bibliotecas. Os acervos foram integrados nas bibliotecas municipais ou simplesmente mudaram de designação. Em relação aos veículos, alguns municípios respeitaram a nobreza do projecto e mantiveram o serviço até aos dias de hoje, nuns casos mantendo até ao limite a sua durabilidade apostando na sua fiabilidade mecânica e estrutural.


Alguns municípios, interpretando correctamente a funcionalidade e a afectuosa ligação do serviço itinerante de biblioteca com as populações, nunca deixaram morrer este serviço, ao invés, apostaram na sua modernização e implementação.

Ao longo destes quase 9 anos de andanças por terras e gentes de Proença-a-Nova, a Bibliomóvel e os seus recursos humanos, bibliográficos e sentimentais foram-se entranhando na paisagem e no quotidiano dos seus utilizadores/visitantes/Amigos, apostando e baseando os seus serviços em valores como a Proximidade, a Periodicidade, a Cumplicidade e a Amizade, que constituem a imagem de marca não só da Bibliomóvel de Proença-a-Nova, mas de todos os serviços itinerantes de biblioteca. 

Esta busca incessante de novos utilizadores fora das ameias, por vezes demasiado altas das bibliotecas comuns, são um desafio cada vez maior numa sociedade em constante movimento e com utilizadores cada vez mais voláteis, importa não esquecer em épocas de crise, precisamente aqueles que estão ou foram ficando para trás no acesso a informação e na promoção e divulgação do Livro e da Leitura.

As Bibliotecas Itinerantes jogaram um importante papel, no esbater das desigualdades de acesso ao Livro e a Leitura, fruto do isolamento social e geográfico de algumas populações. Hoje, e com certeza no futuro, irão continuar o seu importante papel de aproximação e disponibilização de recursos bibliográficos, humanos e sentimentais, indo ao encontro dos seus utilizadores, visitantes e Amigos.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

BIBLIOTECÁRIO, VOCÊ CONHECE A SUA HABILIDADE?


por Fabíola Maria Pereira Bezerra


Existe uma frase que gosto bastante e que diz mais ou menos assim: “Sozinho ando mais rápido, mas aquele que vai acompanhado chega mais longe”. No mundo corporativo essa frase reflete a união da equipe na busca de objetivos comuns.

Cada pessoa tem uma habilidade, que muitas vezes chamamos de “dom”, embora sejam coisas diferentes. A habilidade é natural, ou seja, é algo que a pessoa recebe quando nasce. O dom, por outro lado, é espiritual, é dado por Deus para que alguém cumpra uma missão, ou algo assim.

Não é raro ouvirmos de colegas de trabalho queixas ou relatos de insatisfação sobre situações pontuais, ou mesmo sobre atribuições designadas a eles pelos gestores, que não condizem com seu perfil, e estão distantes de suas habilidades pessoais. Algumas vezes ficam as dúvidas: a insatisfação é motivada pela incompatibilidade com a função? O gestor desconhece as habilidades de sua equipe? 

Levando essa problemática para o universo das bibliotecas é fácil entender as seguintes situações:


  • Bibliotecários com habilidades para o processo técnico dificilmente conseguem interagir com usuários oferecendo a contento um serviço de atendimento;
  • Bibliotecários com habilidades para trabalhar com pessoas podem ficar completamente “perdidos” em serviços meramente técnicos;
  • Bibliotecários com habilidades em gestão de pessoas devem ser alocados para gerir bibliotecas;
  • Bibliotecários com habilidades para funções administrativas devem trabalhar no processo de compras, por exemplo.


Entendemos que nem todas as bibliotecas têm o privilégio de possuir mais de um bibliotecário. Nesses casos, o “bibliotecário multiuso” aprende forçosamente a lidar com todas as funções que o cargo lhe exige. Não sendo uma situação ideal, obviamente o resultado ficará comprometido. 

Mesmo em situações-limite, é importante cada profissional conhecer suas habilidades e procurar aplicar suas aptidões para obter resultados satisfatórios. Dessa forma, acreditamos que haverá redução de insatisfação profissional, crescimento de motivação e aplicação de resultados. Cada profissional com sua habilidade, cada habilidade em busca de resultados diferenciados.

E se você ainda não percebeu qual a sua habilidade, é hora de propor um rodízio de atividades onde trabalha! Quem sabe assim você não desperta um grande profissional “adormecido”?