Um sábado desses, eu estava assistindo a um programa de televisão
que apresentou um projeto superinteressante que se chama "Arquiteto de
Família", cujo objetivo é melhorar a qualidade de vida de famílias
carentes do Morro Vital Brasil, em Niterói. “Com pequenas mudanças em
infraestrutura, os moradores constroem soluções para viverem num lugar
agradável e que também faça bem à saúde. De porta em porta, o Arquiteto
de Família transforma moradias e ruas".
Fiquei encantada com o lado social do projeto, com o desprendimento dos
profissionais e, acima de tudo, com a desmistificação da ideia elitista
da profissão e do profissional. Ações voltadas para a aplicação de
soluções técnicas, porém simples, agregam imenso valor e qualidade de
vida àquela comunidade.
Ao assistir ao programa, foi inevitável
não pensar nos bibliotecários, os quais, diferente dos arquitetos, não
fazem parte de uma classe supostamente elitista. Porém, eles conseguiram
encontrar uma maneira de se aproximar da comunidade de forma útil e
solidária. Fiquei pensando em nós bibliotecários e na nossa missão
enquanto profissionais, pois trabalhar com o público e para comunidades
específicas faz parte do nosso metiê profissional.
Das ações desenvolvidas por bibliotecários, que se assemelham nos
moldes do projeto citado acima, pelo menos que eu conheço voltadas
diretamente para melhorias de comunidades específicas, são as
bibliotecas comunitárias. A informação e o conhecimento são bens
intangíveis, mas de valor incomensurável; por meio deles o indivíduo
poderá mudar radicalmente seu status quo e criar novas condições dentro
da sociedade.
Por que, então, nós bibliotecários não nos
“empoderamos” da nossa profissão? Por que não vamos em busca de ações
que poderão efetivamente criar valor ao nosso trabalho? Por que não
criamos um “gap” e um maior sentimento de necessidade de atuação de
bibliotecários em diferentes locais dentro da sociedade? Será se tudo é
reflexo da dificuldade que temos de desassociarmos a nossa atuação do
espaço físico de bibliotecas?
E que tal colocarmos a “mão na massa” e começarmos a pensar em algo que também possa nos diferenciar profissionalmente?
Será isso apenas utopia de um bibliotecário sonhador? Se alguém não
tentar, nunca saberemos se será possível. Alguém topa abraçar esse
desafio?
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