segunda-feira, 30 de março de 2015

BIBLIOTECÁRIO DE FAMÍLIA

Um sábado desses, eu estava assistindo a um programa de televisão que apresentou um projeto superinteressante que se chama "Arquiteto de Família", cujo objetivo é melhorar a qualidade de vida de famílias carentes do Morro Vital Brasil, em Niterói. “Com pequenas mudanças em infraestrutura, os moradores constroem soluções para viverem num lugar agradável e que também faça bem à saúde. De porta em porta, o Arquiteto de Família transforma moradias e ruas".

Fiquei encantada com o lado social do projeto, com o desprendimento dos profissionais e, acima de tudo, com a desmistificação da ideia elitista da profissão e do profissional. Ações voltadas para a aplicação de soluções técnicas, porém simples, agregam imenso valor e qualidade de vida àquela comunidade.

Ao assistir ao programa, foi inevitável não pensar nos bibliotecários, os quais, diferente dos arquitetos, não fazem parte de uma classe supostamente elitista. Porém, eles conseguiram encontrar uma maneira de se aproximar da comunidade de forma útil e solidária. Fiquei pensando em nós bibliotecários e na nossa missão enquanto profissionais, pois trabalhar com o público e para comunidades específicas faz parte do nosso metiê profissional.
 
Das ações desenvolvidas por bibliotecários, que se assemelham nos moldes do projeto citado acima, pelo menos que eu conheço voltadas diretamente para melhorias de comunidades específicas, são as bibliotecas comunitárias. A informação e o conhecimento são bens intangíveis, mas de valor incomensurável; por meio deles o indivíduo poderá mudar radicalmente seu status quo e criar novas condições dentro da sociedade.

Por que, então, nós bibliotecários não nos “empoderamos” da nossa profissão? Por que não vamos em busca de ações que poderão efetivamente criar valor ao nosso trabalho? Por que não criamos um “gap” e um maior sentimento de necessidade de atuação de bibliotecários em diferentes locais dentro da sociedade? Será se tudo é reflexo da dificuldade que temos de desassociarmos a nossa atuação do espaço físico de bibliotecas?

E que tal colocarmos a “mão na massa” e começarmos a pensar em algo que também possa nos diferenciar profissionalmente?

Será isso apenas utopia de um bibliotecário sonhador? Se alguém não tentar, nunca saberemos se será possível. Alguém topa abraçar esse desafio?

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